quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Saúde mental


Muitos já se perguntaram por que algumas pessoas mudam completamente de humor tão rápido, mas poucos sabem que esse pode ser um dos sintomas de um transtorno neurocomportamental. Hiperatividade, autismo e transtorno de conduta são alguns dos 350 transtornos neurocomportamentais identificados pela ciência. Mas como saber se uma criança apresenta sintomas de algumas destas doenças? Esse foi o tema da palestra que o professor Irineu Dias da Silva Filho, especialista em Saúde Mental de Crianças e Adolescentes da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCM/RJ), ministrou em 21/12 na UENF.

Segundo Irineu, grande parte dos transtornos neurocomportamentais tem causa genética. Um dos mais comuns é o Transtorno Afetivo de Humor Bipolar (TAB), considerado gravíssimo pelo fato de o paciente mudar da euforia para a depressão em questão de segundos. No Brasil, 3% a 4% da população sofre deste transtorno, enquanto no Japão pelo menos 9% da população é bipolar.

- Já é possível observar diferenças no comportamento da criança desde os dois anos de idade. Mas muitos pais não sabem como proceder. Há mães que se tornam depressivas. No entanto, há medicamentos e terapias para pessoas que sofrem com tais problemas – afirmou.

Outros problemas muito comuns, mas pouco conhecidos, são os Transtornos Disruptivos: o TOT (Transtorno do Opositor e Desafiador) e o TC (Transtorno de Conduta), que tornam a pessoa antissocial ao extremo, capaz de desafiar a todos e não aceitar regras. Enquanto os que padecem de TOT não aceitam limites, desafiando e opondo-se sempre a qualquer tipo de autoridade, os que sofrem de TC costumam agir de forma inadequada, quebrando e destruindo tudo que veem pela frente sempre que são contrariados.

Já a Hiperatividade, conhecida também como TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade) é o transtorno que mais afeta crianças e adultos no mundo todo. O TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) ou Transtorno de Ansiedade, causado por excesso de preocupação, também pode ser observado em crianças, principalmente naquelas que têm um medo excessivo de se separar dos pais.

- O investimento na neurociência hoje é de bilhões de dólares, mas muitos ainda não sabem identificar os sintomas dos transtornos neurocomportamentais. O tratamento é essencial, principalmente quando o paciente ainda é criança, pois as chances de não se crescer com a doença e não querer ser ajudado são menores – disse Irineu, cuja palestra ocorreu no âmbito do curso de Educação Inclusiva, coordenado pela professora Nadir Francisca Sant’anna.

Rafaella Dutra


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Perigo ou avanço científico?


O anúncio de que cientistas holandeses e americanos criaram em laboratório uma linhagem mortal do vírus da gripe aviária deixou o mundo em alerta esta semana. O receio é que as informações possam cair nas mãos de terroristas e serem usadas como arma biológica de destruição em massa, ou ainda que um acidente deixe escapar o micro-organismo. Não seria melhor, então, proibir este tipo de pesquisa? Para o diretor do Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB) da UENF, Gonçalo Apolinário, isso seria uma decisão equivocada.

Ele reconhece que os resultados devem servir de alerta para a necessidade de rigorosas normas de biossegurança no caso de pesquisas que envolvam manipulação genética de agentes infecciosos. No entanto, ressalta que o objetivo final desse tipo de pesquisa é o conhecimento dos mecanismos envolvidos, propiciando o desenvolvimento de métodos de diagnóstico precoce, produção de vacinas e medicamentos.

- Muitos grupos de pesquisa realizam estudos semelhantes para diferentes agentes causadores de doenças. Normalmente, são realizadas mutações em genes importantes para o processo infeccioso, no intuito de avaliar seu papel no contágio e progressão das doenças. Muitas vacinas e medicamentos que hoje utilizamos foram gerados a partir de estudos semelhantes - diz.

Neste caso específico, observa Gonçalo, os pesquisadores foram surpreendidos pelo grande efeito (risco) causado por um conjunto relativamente simples de mutações. Para ele, o lado positivo da pesquisa reside na “tomada de consciência” de que tais mutações podem vir a ocorrer naturalmente no futuro – gerando risco de uma epidemia devastadora. Agora, esse conhecimento gerado em laboratório permitirá desenvolver vacinas ou tratamentos preventivamente.

- Mas é claro que se justificam os temores de ‘vazamento’ acidental dessas cepas virais, bem como da utilização desses conhecimentos para a construção de armas biológicas. Isso leva à necessidade de análises de risco antes que projetos nesta linha sejam autorizados. É preciso considerar, por exemplo, a necessidade de estudos quanto à competência da equipe de pesquisa, infra-estrutura de segurança dos laboratórios, bem como a forma de divulgação dos dados obtidos - afirma.

Veja mais informações aqui.

Fúlvia D'Alessandri

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Preservando a geodiversidade

Você sabia que o autor da Teoria da Evolução, Charles Darwin, esteve no Brasil, chegando muito perto de Campos? Em 1832, ele atracou o navio Beagle no Rio de Janeiro com o objetivo de estudar as matas tropicais. A expedição de Darwin começou em Maricá e chegou até o Parque do Desengano, ao lado de Santa Maria Madalena. O "caminho de Darwin", que foi remontado em 2008 por seu tataraneto, Randal Keynes, agora pode integrar o segundo Geoparque brasileiro: Costões e Lagunas do Estado do Rio de Janeiro.

Pesquisadores brasileiros e suíços estão concluindo um dossiê a ser submetido à Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). A ideia é que o Geoparque seja composto por toda a área litorânea que vai de Maricá até São Francisco de Itabapoana. Segundo a geóloga Maria da Glória Alves, que coordena os trabalhos na UENF, a área apresenta uma rica geodiversidade, sendo portanto de grande interesse científico, didático-pedagógico, turístico e ecológico.

— Enquanto a biodiversidade é constituída por todos os seres vivos e é consequência da evolução biológica ao longo do tempo, a geodiversidade é composta por todo o arcabouço terrestre que sustenta a vida, sendo o resultado da lenta evolução da terra. Ambas são essenciais e devem ser preservadas — explica.

Leia mais no Informativo da UENF.

Fúlvia D'Alessandri

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Milho-pipoca adaptado à região

Não há quem resista ao cheirinho de uma pipoca que acabou de sair do fogo. Mas será que alguma vez, enquanto você saboreava esta delícia, já parou para pensar no trabalho das pessoas que contribuíram para que aquele saquinho de pipoca fosse parar na prateleira do supermercado? Um destes profissionais é o pesquisador da área de melhoramento de plantas.

O melhoramento do milho-pipoca é uma das áreas de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento Vegetal da UENF. O objetivo das pesquisas, coordenadas pelo professor Antônio Teixeira do Amaral Junior, do Laboratório de Melhoramento Genético Vegetal (LMGV), é desenvolver variedades de milho-pipoca que sejam mais adaptadas ao clima e ao solo da região, oferecendo assim uma alternativa de renda para os pequenos produtores rurais.

Uma nova variedade, a UNB-2U, já está a caminho, devendo ser lançada no ano que vem. Este foi o tema da tese de doutorado de Rodrigo Moreira Ribeiro, defendida em fevereiro, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas da UENF. Intitulada “Ganhos genéticos em geração avançada de seleção recorrente na variedade de milho pipoca UENFV-Explosiva”, a tese teve a orientação do professor Amaral.

— A UENF desenvolve o único programa de melhoramento de milho-pipoca no Estado do Rio de Janeiro. Esta pesquisa constitui a etapa final antes do lançamento desta nova variedade. Esperamos que os produtores locais se conscientizem de que  o milho-pipoca pode ser uma boa alternativa à cana-de-açúcar, hoje em decadência — diz Rodrigo.

Se você quiser saber mais, veja a tese de Rodrigo.

Letícia Barroso e Fúlvia D'Alessandri

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Desenvolvimento sustentável

Dois projetos estruturantes serão apresentados pela UENF durante o Encontro do Colegiado do Território da Cidadania Norte, que ocorre nesta quarta, 21/12, das 14h às 17h, na Sala de Conferências do P4, na UENF. O programa Território da Cidadania, que envolve instâncias federais, estaduais e municipais, conta com a participação da UENF desde o seu início, em 2004, tendo à frente dos trabalhos o professor Luís Humberto Castillo Estrada, do Laboratório de Zootecnia e Nutrição de Animais (LZNA).

— Junto aos diversos atores do programa, temos elaborado diversos estudos, envolvendo principalmente os agricultores familiares da região. Os estudos originaram algumas teses de mestrado nos quatro Centros da UENF — disse o professor, lembrando que a Universidade participou ativamente da elaboração do Plano Territorial Sustentável do Norte e Noroeste Fluminense (PTRS) , que aponta todos os investimentos estratégicos para o desenvolvimento sustentável do setor agrário na região.

Segundo Castillo, o programa Territórios da Cidadania tem como objetivo promover o desenvolvimento econômico e universalizar programas  básicos de cidadania por meio de estratégias de desenvolvimento territorial sustentável. Além da UENF, também participam do programa o IFF, a UFRRJ, a UFF, a Emater e a Pesagro, além das Prefeituras da região e organizações civis (ONGs, OSCIPs, associações e cooperativas). No colegiado NF, 25% é formado por associações, outros 25% por ONGs. Os 50% restantes são formados por representantes da agricultura familiar, pescadores artesanais, caiçaras, ribeirinhos, quilombolas, entre outros.

Veja mais informações aqui.

Fúlvia D'Alessandri

domingo, 18 de dezembro de 2011

O que sai das descargas dos carros?

Marcelo Sthel no Laboratório de Ciências Físicas da UENF
Depois de cinco anos estudando o que sai da descarga de veículos movidos a todos os combustíveis (gasolina, álcool, diesel e gás natural veicular), o físico Marcelo Silva Sthel e um grupo de pesquisadores da UENF divulgam os resultados de suas pesquisas. Os estudos confirmam vilões já conhecidos e apontam algumas surpresas.

Há surpresas nos motores a álcool (etanol) e gás natural (GNV). Nos primeiros, a queima do álcool gera gás etileno -  um dos precursores do chamado ozônio troposférico, apontado como um dos causadores do efeito estufa e responsável por danos diretos à saúde humana. Nos motores a gás (GNV), detectou-se a liberação de metano (que é o próprio GNV antes da queima), gás com alto potencial de contribuição para o efeito estufa.  Outra surpresa no GNV é a emissão de óxidos de nitrogênio (NOx), monóxido de carbono (CO) e etileno, embora em quantidades menores do que nos motores a diesel.

A análise dos motores alimentados com gasolina e dos motores a diesel confirmou o que já se sabia. Carros a gasolina são emissores de gases como óxidos de nitrogênio (NOx), monóxido de carbono (CO), gás carbônico (CO2) e etileno. Ônibus, caminhões e vans - todos movidos a diesel - emitem óxidos de nitrogênio (NOx), monóxido de carbono (CO), gás carbônico (CO2), dióxido de enxofre (SO2) e etileno.

Saiba mais no Informativo da UENF.

Gustavo Smiderle

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Laboratório do aquecimento global

Um grande laboratório de 2,5 mil metros quadrados para medir em tempo real, 24 horas por dia, as reações de diferentes espécies de plantas à elevação na temperatura e ao aumento na concentração de gás carbônico (CO2)no ar livre. Esta experiência, voltada para prever as respostas das plantas ao aquecimento global, está sendo feita numa área da USP em Ribeirão Preto. O professor Hernan Maldonado, do CCTA/UENF, é um dos colaboradores da pesquisa, que tem a coordenação do professor Carlos Alberto Martinez, da USP.

Este observatório climático vai monitorar 24 horas por dia a reação de duas espécies de plantas às variações de temperatura e de concentração de CO2.  Trata-se de uma leguminosa (Stylosanthes guianensis) e de uma gramínea (Panicum maximum). O sistema se chama MiniFace (Free Air Carbon dioxide Enrichment) e que pode ser traduzido por ‘sistema de enriquecimento do ar livre com gás carbônico’.

A ideia é estudar como as plantas se comportam com as alterações climáticas em condições naturais e estudar o limite de uma planta no sequestro de carbono. Também serão estudadas alterações moleculares, bioquímicas, fisiológicas e produtivas das plantas quando expostas a elevados níveis de CO2 e temperatura.

Leia mais no Jornal da USP

Gustavo Smiderle

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Piscicultura ornamental em alta

Betta do tipo  Half Moon
Contemplar peixinhos se mexendo em um aquário pode ser bastante relaxante — há até estudos indicando uma possível relação entre a aquariofilia e a diminuição do nível de estresse. Mas, por detrás deste hobby milenar e dos seus supostos benefícios à saúde, existe um mercado altamente competitivo, impulsionado pelo uso de modernas tecnologias na área de piscicultura.

Com o apoio de pesquisadores da UENF, o produtor de peixes ornamentais Ronaldo Vilela, de Patrocínio de Muriaé (MG), está começando a se inserir neste mercado, que exige peixes de altíssima qualidade e paga muito bem por eles. Ronaldo foi um dos vencedores do Encontro Nacional de Criadores de Bettas (Enabettas 2011), realizado de 24 a 26/11 no Rio de Janeiro. Primeiro lugar nas categorias “HM Iridescente Long Fin” e “HM Não Iridescente Long Fin” e 2º nas categorias “HM Dragon Long Fin” e “HM Butterfly”, o produtor, que até pouco tempo vendia seus peixes por R$ 1 ou R$ 2, agora está vendendo cada exemplar por até R$ 150.

— Isso significa que a tecnologia que temos levado para estes produtores não só vem aumentando os parâmetros zootécnicos como também a qualidade dos peixes. Além disso, nos últimos cinco anos a UENF ministrou diversas palestras e cursos sobre seleção de reprodutores e padrões para julgamento, o que também contribuiu para a conquista dos prêmios — diz o professor Manuel Vazquez Vidal Junior, do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA) da UENF, que apoia cerca de 50 produtores de betta no município de Patrocínio de Muriaé. No total, são apoiados cerca de 450 produtores em toda a Zona da Mata Mineira, maior polo de produção de peixes ornamentais.

Manuel observa que um dos que mais vêm atuando junto aos produtores é o aluno de Zootecnia da UENF Allex Trindade Branco, que está prestes a se formar. Uma das tecnologias implementadas pelos pesquisadores da UENF é a da inversão sexual, que permite gerar mais machos que fêmeas (bem menos valorizadas no mercado). Isso só é possível porque os peixes não nascem com o sexo fenotípico definido. Levados a ingerir ração com hormônio metil testosterona, os peixes desenvolvem testículos. Embora a tecnologia seja antiga, não servia para os betta porque estes só conseguem ingerir a ração com 15 a 20 dias de vida, período em que as gônadas femininas já estão em desenvolvimento.

— Desenvolvemos uma ração finíssima que é consumida nos primeiros dias de vida pelos betta e, em maior quantidade, pelos minúsculos animais que servem de alimento natural nas suas fases iniciais de vida: os rotíferos e daphnias. Assim, os betta também podem ingerir o hormônio — explica o professor, lembrando que, naturalmente, o percentual é de 60% de machos. Com a inversão, este índice sobe para 90%.

Fúlvia D'Alessandri

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Irradiação de alimentos

Não é de hoje que a irradiação de alimentos deixa as pessoas apreensivas. Os alimentos que passam por este processo podem interferir na saúde dos consumidores? Como ele funciona? O professor Fábio da Costa Henry, do Laboratório de Tecnologia de Alimentos (LTA) da UENF, que orienta uma pesquisa sobre o assunto, nos explica a técnica utilizada e acaba com os boatos que circulam por aí:

— O objetivo dessa tecnologia nada mais é do que preservar os alimentos para que durem mais. Com uma dose controlada de radiação, as bactérias presentes nos alimentos sofrem uma mutação em seu DNA e morrem. Com isso, aumenta o tempo de prateleira dos alimentos.

 Foi o professor Fábio quem deu início às pesquisas com irradiação de alimentos na UENF, com a colaboração da professora Daniela Barros de Oliveira, que também atua no LTA. O foco de suas pesquisas é a irradiação em carnes e derivados. Segundo Fábio, as carnes contêm uma grande quantidade de água e gordura, o que contribui para a formação do ‘ranço oxidativo’, que além de causar a perda de qualidade do alimento pode comprometer a saúde do consumidor. Mas os professores estudam o uso de antioxidantes naturais, que minimizam o efeito negativo da irradiação em carnes e derivados.

 O professor garante que o processo de irradiação não causa a perda de nutrientes. Ele observa que o processo é feito à temperatura ambiente, não alterando, assim, o valor nutricional do alimento.

 — A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) criou uma legislação segundo a qual todos os alimentos que recebem a irradiação, antes de chegarem às prateleiras dos mercados, devem passar por uma análise microbiológica e, depois, uma análise sensorial, na qual são avaliadas as suas condições. Assim, não corremos o risco de comprar alimentos com alterações como gosto amargo ou até a perda de nutrientes — explica Fábio, lembrando que todo alimento irradiado ou que contenha ingredientes que passaram por esse processo deve ter uma identificação no rótulo.        
       
Símbolo de produtos irradiados
 Segundo Fábio, no Estado do Rio de Janeiro só há dois lugares que possuem o equipamento necessário para realizar o processo de irradiação. Um fica no Centro Tecnológico do Exército (Ctex) e o outro na Coppe/UFRJ. As pesquisas também contam com a participação do aluno de doutorado Felipe Roberto Ferreira Amaral do Valle, do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal. O professor Fábio Henry também está envolvido em um Projeto de Extensão no qual serão ministrados cursos para açougueiros e manipuladores, ensinando-os a manipular e conservar melhor as carnes, respeitando as condições de higiene. Com isso, ele procura reduzir o risco de intoxicação alimentar, que muitas vezes é causada pela má conservação e manipulação dos alimentos.

Rafaella Dutra 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Homem, o melhor amigo do cão...


Aluna colaboradora (à esquerda) e Indiara cuidando de um cão.
  Há tempos eles deixaram definitivamente para trás a instabilidade das ruas e fizeram do campus da UENF a sua moradia. Estamos falando de um grupo de oito cães — três fêmeas e cinco machos — que hoje vivem dentro da Universidade, onde recebem comida, carinho e a atenção de estudantes e servidores, além de cuidados médicos indispensáveis não só para a sua própria saúde quanto a do ambiente.

As principais responsáveis por isso são as estudantes Indiara Sales (doutoranda em Ciência Animal, formada em Medicina Veterinária) e Ana Carolina (aluna do curso de Zootecnia). Recentemente, todos os cães foram vacinados, vermifugados e identificados através de coleiras e carteiras de vacinação. Com isso, está afastado qualquer risco de transmissão de zoonoses no âmbito da comunidade universitária.

O trabalho só foi possível devido ao apoio do professor Antônio Peixoto Albernaz, chefe do Laboratório de Clínica e Cirurgia Animal (LCCA) do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), que disponibilizou os setores do Laboratório para que fossem efetuadas as medidas sanitárias básicas.

Segundo Indiara, o trabalho junto aos cães começou em 2003, quando ela começou a cursar Medicina Veterinária na UENF. Recentemente, a Prefeitura da UENF exigiu que um professor da área de Medicina Veterinária fizesse o acompanhamento deste trabalho, para evitar a propagação de doenças e a necessidade de encaminhamento dos animais ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Campos.

— No entanto, este trabalho começou em 2003, quando comecei a cursar Medicina Veterinária na UENF. Na verdade, estes animais nunca estiveram entregues à própria sorte. Eles são alimentados e as fêmeas, esterilizadas; logo não há reprodução dentro do campus. Além disso, sempre receberam cuidados veterinários — disse.

Mário Sérgio de Souza e Fúlvia D'Alessandri

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Congresso de Humanidades

"Gestão do conhecimento para o desenvolvimento sustentável". Este é o tema do  Congresso Latino-Americano de Humanidades de 2012, que acontece entre os dias 16 e 18 de fevereiro, com a participação da UENF. Em sua décima edição, o congresso será realizado no campus da Universidade de Guanajuato, no México. Três professores da UENF integram o Comitê Internacional: Bianka Pires André (LEEL/CCH), Carlos Henrique Medeiros de Souza (LEEL/CCH) e Sérgio Arruda de Moura (LEEL, diretor do CCH).

O objetivo geral do congresso é oferecer um ambiente de reflexão, discussão, análise e compartilhamento de avanços das pesquisas e da experiência entre os profissionais de diferentes áreas do conhecimento no setor público e demais organizações que queiram melhorar o ensino e a aprendizagem focando o desenvolvimento sustentável na América Latina.

No decorrer do evento serão abordados temas como ‘As redes sociais digitais nos processos educativos’; ‘Experiências educacionais sobre a sustentabilidade: inclusão curricular’ e ‘Educação latino-americana para o desenvolvimento teórico sobre o desenvolvimento sustentável: assuntos, áreas e categorias de análise’.

Outras informações aqui.

Gustavo Smiderle

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Alô, escola pública!

Boa notícia para quem não está na escola apenas para passar tempo:  pesquisadores da UENF estão captando recursos para equipar laboratórios de didática para aulas práticas de ciências e outras disciplinas em diversas escolas públicas de Campos (RJ). Ontem (terça, 06/12/11), foi inaugurado o Laboratório de Didática do Colégio Estadual Dr. Sylvio Bastos Tavares, no Parque Rosário.

Pelo menos quatro outras escolas contam com iniciativas semelhantes: Colégio Estadual Benta Pereira, em Guarus; Ciep Nilo Peçanha, na Lapa; Colégio Dom Otaviano de Abuquerque, em Ururaí; e Escola Municipal José do Patrocínio, na Penha.


Mas não basta montar laboratórios; é preciso que os professores utilizem o espaço com seus alunos. A dica é conferir se na sua escola tem laboratório, se funciona e o que se pode fazer para ele ser melhor aproveitado. 

Saiba mais aqui

Gustavo Smiderle

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

UENF terá Museu de Solos


Amostra de solo sendo retirada
 Em breve, será possível conhecer os principais tipos de solos da região sem sair de casa. O Museu de Solos do Baixo Paraíba do Sul, que está sendo montado na UENF, vai reunir em um mesmo lugar amostras dos solos mais comuns no Norte e Noroeste Fluminenses. O acervo ficará exposto na UENF e também será disponibilizado através da internet, de forma semelhante ao que já acontece no Museu de Solos do Rio Grande do Sul, da Universidade Federal de Santa Maria.

— A ideia é promover a divulgação do conhecimento científico e contribuir para formar na sociedade uma consciência coletiva que reconheça os solos como um componente essencial do ambiente — explica o professor Cláudio Roberto Marciano, que atua no Laboratório de Solos (LSOL) da UENF e coordena o projeto.

Segundo o professor, as amostras de solo (cientificamente conhecidas como “monólitos”) abrangem desde a camada superficial até camadas mais profundas (a um máximo de 1,5 m de profundidade), constituindo o chamado ‘perfil do solo’. A coleta segue normas apropriadas, incluindo um processo de impermeabilização com resina para conferir maior durabilidade ao material.

O projeto conta com o apoio da Faperj e do programa Universidade Aberta (Pró-Reitoria de Extensão da UENF). Até o momento, foram realizados testes de coleta e tratamento dos monólitos. Também foi feita a caracterização detalhada (morfologia, mineralogia, propriedades químicas e físicas etc) dos solos que, em breve, deverão compor o acervo.

Paolla Martinez e Fúlvia D'Alessandri

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Combate aos radicais livres


Fruta-pão
 Há muitos fatores que influenciam a saúde humana, mas um deles, sem dúvida, é a alimentação. Hoje os cientistas sabem que o tipo de dieta tanto pode ocasionar doenças como preveni-las. Neste último caso, encontram-se os alimentos chamados “antioxidantes”, que combatem os radicais livres. Pesquisadores do Laboratório de Tecnologia de Alimentos (LTA) da UENF vêm estudando diversos tipos de vegetais com a finalidade de identificar compostos antioxidantes.

A bolsista de Iniciação Científica Mariana Barreto de Souza Arantes, do curso de Agronomia da UENF, estuda as propriedades da fruta-pão, mas, como está no início da pesquisa, ainda não conseguiu identificar os compostos antioxidantes na fruta. O que se sabe, de concreto, é que a fruta-pão contém alto teor de amido, podendo ser uma alternativa à batata e à mandioca. Como se trata de uma árvore, não exige grandes espaços para o cultivo, sendo perfeita para o consórcio com pastagens.

Segundo Mariana, que tem a orientação da professora Daniela Barros de Oliveira (LTA/UENF), os alimentos que contêm compostos antioxidantes previnem o envelhecimento celular ocasionado pela presença de radicais livres.

— O radical livre é uma molécula com um elétron desemparelhado que pode se unir a outras substâncias do organismo, causando problemas. Ele é precursor de câncer e doenças inflamatórias. O alimento antioxidante sequestra o radical livre, servindo de proteção — explica Mariana, lembrando que no Laboratório há também pesquisas, com a mesma finalidade, direcionadas para a graviola, a aroeira, a abóbora e o mandacaru.

Fúlvia D'Alessandri

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Mulheres e cidadania


Olympe de Gouges

As novas gerações talvez nem se deem conta do quanto as mulheres ampliaram seus espaços nas últimas décadas. Consideradas inferiores aos homens, durante muito tempo as mulheres sequer eram consideradas “cidadãs”, conforme explicou a professora Marinete dos Santos Silva em sua palestra “Mulheres e cidadania: uma reflexão”, ocorrida no âmbito do I Simpósio de Neurociências da UENF (21 a 23/11).

— No século XVIII, as mulheres não eram consideradas cidadãs e por isso não podiam intervir em assuntos políticos. Acreditava-se que as condições biológicas das mulheres as impediam de exercer funções que não fossem cuidar da casa e seguir a religião, o que mantinha a imagem de sóbrias e reservadas. Além disso, sofriam com a autoridade dos homens — disse Marinete.

A professora, que atua no Laboratório de Estudo da Sociedade Civil e do Estado (LESCE) do Centro de Ciências do Homem (CCH) da UENF, lembrou que, em 1791, a feminista revolucionária Olympe de Gouges escreveu a Declaração dos  Direitos das Mulheres e da Cidadã. Depois escreveu uma peça que não foi "bem vista" pelos jacobinos, e por tal "ousadia", foi guilhotinada em 1793.

Segundo Marinete, somente no início do século XIX as mulheres ganharam espaço no mercado de trabalho, para que pudessem ajudar nas despesas da casa. No entanto, ainda se discutia se elas podiam ou não ser consideradas cidadãs. Em 1869, o filósofo John Stuart Mill escreveu que as mulheres representavam metade da população e deveriam ter o direito de votar, uma vez que as políticas públicas também as afetavam. Stuart apoiava mudanças que permitiriam às mulheres trabalhar fora de casa, ganhando independência e estabilidade financeira.

— Só a partir do século XX começaram a aparecer os primeiros sinais de “vitória”. Mas até hoje as mulheres continuam ganhando menos em empresas privadas e não são bem vistas na política. As mulheres continuam sendo consideradas  donas de casa, mães e esposas  antes de serem vistas como profissionais e trabalhadoras — afirma Marinete.

Rafaella Dutra e Fúlvia D'Alessandri

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Saguis fora de lugar


Sagui da espécie Callithrix jacchus: bonitinho, mas perigoso.
Você recebe um sagui de presente e, com pena do bichinho, solta na mata mais próxima pensando estar prestando um serviço à natureza. Errado: em vez de ajudar o ambiente, você pode estar prejudicando a preservação do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), ameaçado de extinção.

É o que mostram estudos desenvolvidos há mais de dez anos pela UENF em parceria com a Associação Mico-Leão-Dourado. O líder das pesquisas é o professor Carlos Ruiz-Miranda, do Laboratório de Ciências Ambientais (LCA/UENF). Uma síntese de todos estes anos de pesquisa está em um artigo publicado pela revista Ciência Hoje de julho de 2011.

Os estudos, iniciados em 1998, têm como cenário a Área de Proteção Ambiental (APA) da bacia do rio São João, que abrange os municípios de Silva Jardim, Casimiro de Abreu e Rio Bonito. É lá que os saguis e os micos-leões-dourados ocorrem em maior concentração.

Segundo o pós-doutorando Márcio Marcelo de Morais Júnior, um dos coautores do artigo, a introdução clandestina de saguis das espécies Callithrix jacchus e Callithrix penicillata pode gerar competição com os micos-leões, além de introduzir doenças. A tese de doutorado de Márcio aborda este tema.

Clique aqui se você quiser saber mais sobre o assunto.

Mário Sérgio de Souza, Gustavo Smiderle