sexta-feira, 16 de março de 2012

Divulgar e inovar rendem pontos

CNPq passa a avaliar pesquisadores também por ações de divulgação científica e inovação; medida reforça iniciativas de popularização da ciência


Oficina de produção de vídeos científicos com celular para
alunos de escola  pública, ministrada em abril de 2011 por
Simone Bortoliero (UFBA), na UENF.
Agora é política do CNPq, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico: as atividades de divulgação da ciência e as de inovação também contarão pontos nas avaliações de produtividade dos pesquisadores brasileiros. Para isto a plataforma Lattes - que abriga 1,8 milhão de currículos disponíveis na internet - vai disponibilizar duas novas abas: uma para os pesquisadores inserirem informações sobre iniciativas de divulgação e educação científica, outra para registrarem informações sobre a inovação de seus projetos e pesquisa.

As duas áreas contempladas pelo CNPq têm recebido atenção especial da UENF nos últimos anos. Na divulgação científica, ações articuladas e em sequência, desde a organização do I Simpósio Nacional de Jornalismo Científico, em 2009, perseguem um duplo objetivo: induzir a afirmação de uma cultura de divulgação da ciência entre os pesquisadores ou futuros pesquisadores da Universidade e oferecer subsídios aos profissionais de mídia para ampliar os espaços sobre ciência nos veículos. Para debater o tema com pesquisadores e jornalistas, a UENF trouxe estudiosos como Cidoval Morais de Sousa (UEPB), Cilene Victor da Silva (Uninove) e Simone Bortoliero (UFBA), além de ter criado o Blog ‘Ciência UENF’ e estar em vias de lançar a Revista da Extensão, entre outros projetos.


Ulisses Capozzoli, da
Scientific American
Brasil, no I Simpósio
de Jornalismo Científico
promovido pela UEN
Na Inovação, os exemplos incluem a participação da UENF na criação e consolidação da Incubadora Tecnológica TEC Campos e a recente criação da Agência de Inovação. Para o diretor da Agência, Ronaldo Paranhos, a mudança é bem-vinda: a universidade brasileira é ‘eficiente’ na formação de recursos humanos e atingiu ‘bom patamar’ na pesquisa, mas tem pela frente o desafio de transferir para a sociedade o conhecimento gerado.  Para Paranhos, a notícia é boa, mas ainda há muito a ser feito.

O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UENF, Antônio Teixeira do Amaral Junior, enfatiza que o item ‘divulgação’ contará na avaliação de produtividade do pesquisador por parte do CNPq.

- A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação atuará para que os pesquisadores atualizem seus currículos na Plataforma Lattes de forma a abranger ações que ora passam a ser efetivamente capitalizadas na produtividade científica – afirma Amaral.

Também o reitor Silvério de Paiva Freitas concorda com o acerto da medida do CNPq:

- Ela cria instrumentos para a valoração de ações importantes que muitas vezes são feitas na base do voluntarismo – avalia Silvério.

Para a jornalista e pesquisadora Simone Bortoliero, doutora em Comunicação Social e coordenadora da Agencia de Notícias em CT&I da Universidade Federal da Bahia (UFBA), esta é a 'melhor notícia para o Jornalismo Científico brasileiro'. Para a pesquisadora, a sociedade pode se beneficiar de imediato com o aumento no volume de informações circulando nas instituições de pesquisa e com o necessário investimento em políticas de comunicação e na formação de jornalistas e divulgadores.

- Talvez agora os pesquisadores passem a considerar a popularização do conhecimento tão relevante quanto publicar em revista para os pares - opina.

Outras informações no site do CNPq.

Gustavo Smiderle

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