quarta-feira, 8 de agosto de 2012



Fontes alimentares de selênio


Karla Silva Ferreira


O selênio é um elemento que participa de enzimas antioxidantes. A médio e longo prazo, a baixa ingestão de selênio, que resulta em níveis baixos de selênio no sangue, causa flacidez nos músculos, aumento da fragilidade das células vermelhas sangüíneas, degeneração pancreática, doenças cardíacas, problemas de estrutura das articulações e ossos e atividade da tireoide. A doença de Keshan, uma miocardiopatia que afeta mulheres e crianças, e a doença de Kashin Beck, artrose que afeta adolescentes e pré-adolescentes, são prevalentes em certas regiões da China onde os solos são pobres neste elemento. O selênio possui ainda um efeito antídoto com relação aos metais pesados como o mercúrio, o chumbo, o arsênico e o cádmio.

Pesquisas em curso colocam em evidência as propriedades anti-inflamatórias e imunoestimulantes do selênio e seu efeito preventivo contra o câncer de próstata. Um caso comum de lesão do tecido, relatada em sistema cardiovascular, é a isquemia-reperfusão. Esta lesão está associada com hemorragia, arritmias, angina, enfarte do miocárdio e baixa atividade de antioxidantes seqüestradores de H2O2.  E doenças cardiovasculares são as principais causas de morte em seres humanos em todo o mundo.

A ingestão diária de selênio varia de um país para outro: 200 µg (microgramas —  milésima parte de miligramas, o mesmo que 0,2 mg) para os canadenses e somente 30 µg para os Filandeses. Na França, o consumo médio/dia é de 46 µg. O Conselho Nacional Americano de Pesquisas preconiza 1µg por quilo de peso corporal ao dia. O Ministério da Saúde, com base nas diretrizes da Organização Mundial de Saúde, recomenda para adultos a ingestão de 34 µg/dia.

Castanha do Pará
É consenso que os teores de selênio nos alimentos, no caso de alimentos de origem vegetal, dependem das características do solo. Já nos alimentos de origem animal, dependem de sua utilização em rações e seus teores nas pastagens. Sendo assim, as melhores fontes de selênio em uma região podem ser de origem vegetal, em outras de origem animal e em outras, ainda, dependendo dos tipos e quantidades dos alimentos consumidos, a dieta pode ser pobre em selênio. Processos de irrigação e inundação aceleraram a liberação de selênio para o solo, o que ocorre no ecossistema da Amazônia e explica os elevados teores deste nutriente encontrados na castanha do Pará. Por outro lado, a queima de combustível fóssil, chuva ácida, acidificação do solo e uso de fertilizantes sulfurados acarretam a diminuição no teor de selênio nos vegetais.

Esta pesquisa realizada em Campos dos Goytacazes teve o objetivo de determinar os teores de selênio no sangue dos doadores de sangue do Hemocentro Regional de Campos dos Goytacazes e identificar as principais fontes alimentares de selênio da Região.

Foi observado que, apesar de constituírem um grupo saudável, 74% por cento dos doadores estavam com teor de selênio no sangue abaixo de 70 ng mL-1, o menor nível para atuação máxima das selenoproteínas, de acordo com o Nutritional Prevention of Cancer Study Group.

As principais fontes alimentares de selênio são os produtos de origem animal (peixes, carnes de boi, frango, queijos, leite desnatado e ovos), que possuem teores de selênio entre 2,0 a 54,3 µg/100gramas) Dos alimentos de origem vegetal, destacam-se as castanhas-do-pará (38 a 49 µg/100gramas), a castanha-de-caju (7,0 a 15,0 µg/100gramas), pães e biscoitos (1,7 a 8,8 µg/100gramas). As frutas e hortaliças são pobres em selênio (0,0 a menos que 1,0 µg/100gramas). Quase a metade dos alimentos analisados, 47%, continham baixos teores de selênio, entre 0,0 e 10,0 µg/100g.

Veja tabela com os índices de selênio nos principais alimentos.




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