terça-feira, 18 de setembro de 2012

Encalhe de baleias


Segundo pesquisadora da UENF,  aumento do número de encalhes pode ter sua origem no aumento populacional da espécie  

No início deste mês, pudemos acompanhar o caso de uma baleia encalhada no litoral Norte Fluminense, no município de São Francisco do Itabapoana. Situações como esta são cada vez mais comuns, visto que nos últimos anos houve um aumento significativo no número de baleias encalhadas no litoral do Brasil. A maioria delas pertence à espécie Megaptera novaeangliae, também conhecida como baleia-jubarte, que possui um importante sítio reprodutivo e de cria de filhotes ao longo da costa brasileira, principalmente no litoral sul do estado da Bahia.

Segundo a professora Ana Paula Di Beneditto, do Laboratório de Ciências Ambientais (LCA) do Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB) da UENF, em geral os registros de encalhes no litoral sudeste do Brasil são realizados entre os meses de agosto a novembro, quando as baleias estão retornando da área de reprodução para as áreas de alimentação, no continente Antártico.

- Na área de reprodução os indivíduos não se alimentam (ou pouco se alimentam), e fazem uso de sua reversa energética na forma de gordura. Os animais mais velhos ficam mais suscetíveis nesse período, o que é um processo natural – diz.

Porém, existe uma dificuldade na retirada do animal devido ao seu tamanho. Muitas vezes a carcaça fica na praia durante vários dias, exposta ao contato humano. Para Ana Paula, estes casos são um problema de saúde pública.

- Há dois destinos que podem ser dados às carcaças de modo a minimizar o problema: rebocar para alto mar, bem distante da linha de costa, ou levar para um aterro sanitário – diz a professora, destacando que, ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, nem todas as baleias encalham vivas. Muitas, quando chegam à costa, já estão mortas há dias.

- As carcaças de baleias podem chegar com marcas de hélices, caracterizando colisão com embarcações, mas não se pode afirmar se a colisão ocorreu antes ou depois da morte do animal. Há também a situação em que a carcaça já encalha em avançado estado de decomposição, não sendo possível análise da causa mortis – afirma.

Segundo Ana Paula, o crescimento do número de encalhes de baleias no litoral do Brasil ao longo dos anos pode ter sua origem no aumento populacional da espécie, uma vez que existem leis nacionais e internacionais que proíbem a sua caça ou molestamento intencional. Em nossa região, a maioria dos encalhes se deve a causas naturais e, por isso, não há muito o que fazer para evitar, pois, em geral, o animal já chega à costa debilitado.

- Causas naturais que levam as baleias a encalhar fazem parte do processo de seleção natural de indivíduos mais velhos ou fisicamente debilitados – explica Ana Paula.

Rebeca Picanço

Nenhum comentário:

Postar um comentário