quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Coluna Nutrição




Suplementos alimentares


Luiz Fernando Miranda e Karla Silva Ferreira*

A indústria de suplementos alimentares fatura anualmente mais de 180 bilhões de dólares no mundo com a venda de produtos, que teoricamente, deveriam ser consumidos por atletas. Porém, os frequentadores de academias e até mesmo indivíduos sedentários se tornaram adeptos destes produtos.

Segundo a Associação Brasileira de Academias, o Brasil é o segundo maior mercado de academias de ginástica do mundo, que pode ser justificado, principalmente pela busca à estética, que também é um forte estímulo ao consumo de suplementos.

Atualmente, os tipos de suplementos mais vendidos no Brasil são os destinados a aumento de massa muscular, emagrecimento e funcionais, respectivamente (Veja Quadro). 

No Brasil, a fabricação e comercialização destes produtos são regulamentadas pelo Ministério da Saúde por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Alguns deles são fiscalizados também pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Embora o termo suplemento seja utilizado na venda de produtos alimentares para fins estéticos e de saúde, a Anvisa só reconhece como suplemento aqueles destinados para atletas e produtos vitamínicos e minerais.

Muitos suplementos, se utilizados de forma estratégica, são benéficos à saúde e têm  efeito positivo no ganho de massa muscular e desempenho físico, por exemplo. Entretanto, muitos fabricantes põem em dúvida a seriedade do produto pelo excesso de propaganda de efeitos sem comprovação para alavancar as vendas.

Desconfie dos produtos que têm efeito laxante, tiram o sono, provocam ondas de calor, hipertrofiam demais os músculos e em curto prazo — os nutrientes em si não provocam estes efeitos, que podem ser causados por componentes proibidos em alimentos pela Anvisa, como sibutramina, extrato de tribulus terrestris, laxantes, efedrina, dimetil-amilamine e até esteróides anabolizantes.

Outro ponto que o consumidor deve ficar atento refere-se às sugestões de consumo declarado nos rótulos dos suplementos (Figura). Na figura, o fabricante recomenda quantidade excessiva de carboidrato para ser diluído em um copo de leite ou água.

Figura: sugestão de consumo declarado pelo fabricante no rótulo de um suplemento a base de carboidrato

Geralmente as quantidades sugeridas, como estas, excedem as necessidades das pessoas, e o consumo indiscriminado pode ser danoso. Pessoas que não sabem que são diabéticas ou pré-diabéticas, por exemplo, podem agravar a doença ou mesmo se tornarem diabéticas com o consumo excessivo de hipercalóricos. Estes produtos possuem quantidades elevadíssimas de açúcar de alto índice glicêmico.
       
Em suma, a suplementação pode trazer benefícios, mas antes de consumir procure ajuda de nutricionistas, de preferência com especialidade em nutrição esportiva. Ele(a) saberá avaliar sua real necessidade nutricional e, se for o caso, indicará o suplemento correto.
             

*Luiz Fernando Miranda é doutorando e Karla Silva Ferreira é professora do Laboratório de Tecnologia de Alimentos (LTA) da UENF.

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