quinta-feira, 21 de março de 2013

Avanço nas pesquisas contra a malária


Artigo de pesquisadores da UENF e da UFPA sobre a malária aviária é o mais visto na Veterinary Research, revista científica de maior impacto na área de veterinária

Foto-legenda publicada na Revista Veterinay Research
Um artigo assinado por pesquisadores da UENF e da Universidade Federal do Pará (UFPA) sobre malária aviária tem sido o mais acessado da revista científica Veterinary Research, considerada a de maior impacto mundial na área de Medicina Veterinária (impacto 4,060). Intitulado ‘Chickens treated wich a nitric oxide inhibitor became more resistant to Plasmodium gallinaceum infection due to reduced anemia, thrombocytopenia and inflammation’ (‘Galinhas tratadas com um inibidor de óxido nítrico se tornam mais resistentes à infecção por Plasmodium gallinaceum devido à redução de anemia, trombocitopenia e inflamação’), o artigo apresenta resultados em um modelo de malária aviária com possíveis reflexos para a malária humana.

Consulte o artigo na íntegra.

As pesquisas foram iniciadas em 2008. O artigo é o segundo de uma cooperação com a UFPA, formalizada por um projeto com financiamento da Capes (Procad Novas Fronteiras). Desta vez, a infecção experimental e as análises foram todas realizadas na UENF. A pesquisa concluiu que o bloqueio da produção de óxido nítrico — molécula produzida por várias células, incluindo as do sistema imune em indivíduos infectados — aumenta a sobrevida das aves, apesar de aumentar a presença do parasito no sangue. Segundo o professor Renato DaMatta, um dos autores do artigo, o óxido nítrico é produzido em grande quantidade quando o organismo das aves está infectado pelo Plasmodium gallinaceum — protozoário responsável pela doença.

Renato DaMatta
— A infecção induz excesso de óxido nítrico. Bloqueamos a produção de óxido nítrico com aminoguanidina e verificamos que os animais ficaram menos anêmicos e menos trombocitopênicos, ou seja, o número de hemácias e plaquetas não caiu tanto como costuma ocorrer. Além disso, os animais apresentaram menos hemozoina, indicando menor inflamação. Acreditamos que é justamente o excesso de óxido nítrico que leva o indivíduo à morte — afirma DaMatta, que atua no Laboratório de Biologia Celular e Tecidual (LBCT) do Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB) da UENF.

O estudo, que além da Capes conta com apoio da Faperj, Fapespa e CNPq, também serviu para ampliar os conhecimentos sobre imunologia da galinha, ainda pouco estudada no Brasil. O que, segundo DaMatta, é um contrassenso, já que o país é o maior exportador de frango do mundo. Na pesquisa, foi observada alteração no número e na morfologia de linfócitos, monócitos, heterófilos e trombócitos (plaquetas). Foi feita ainda uma observação inédita em galinhas: o aparecimento na circulação sanguínea, durante a infecção, de trombócitos —que em vertebrados não mamíferos são nucleados — com núcleo longo ou duplicado, o que sugere que ainda não estavam maduros o suficiente para saírem da medula.

O artigo também é assinado pelos professores Eulógio Carlos Queiroz de Carvalho e Antônio Peixoto Albernaz, do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA) da UENF;  além dos pesquisadores Barbarella Matos de Macchi e José Luiz Martins do Nascimento (ambos da UFPA) e os alunos Farlen José Barber Miranda (pós-graduação) e Fernanda Silva de Souza (iniciação científica), ambos do LBCT.

Fúlvia D'Alessandri

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