sexta-feira, 6 de maio de 2016

UENF desenvolve disco solar para tratamento de água

O disco solar está instalado no Núcleo de Energias Alternativas da UENF
O consumo de água contaminada é um dos principais problemas de saúde pública no Brasil. Com o objetivo de tentar mudar esta realidade, o Laboratório de Ciências Químicas da UENF (LCQUI) vem buscando uma forma eficiente e barata de tratamento da água, baseada no uso da energia solar. Já está em fase de testes, no Núcleo de Energias Alternativas da Universidade, o protótipo de um disco solar térmico capaz de promover a desinfecção da água através de um sistema de reflexão e seguimento solar. O sistema recebe a luz solar e a reflete para um ponto, onde esta é transformada em energia térmica capaz de aquecer a água até que ocorra a sua esterilização.

Intitulada “Construção e implementação no Brasil de sistemas de concentração solar e materiais fotocatalíticos para purificação química e biológica em águas e ar”, a pesquisa tem a coordenação da professora Maria Cristina Canela e colaboração do professor Benigno Sanchez Cabrero, do CIEMAT – Plataforma Solar de Almeria, Espanha, que atua como pesquisador visitante especial na UENF.

— O professor Benigno vem trabalhando incansavelmente neste projeto junto conosco. Ele vem três meses por ano ao Brasil só para isso. Além disso, co-orienta os estudantes envolvidos e faz questão de fazer vários ensaios e aprimorar os experimentos com a sua experiência na Plataforma Solar de Almeria — diz a professora Maria Cristina.

Segundo ela, trata-se de uma tecnologia de fácil manipulação, não sendo necessária mão-de-obra especializada para a manutenção rotineira do equipamento. Constituído por uma estrutura leve de alumínio, o disco solar é multifacetado e conformado por espelhos simples, que são dispostos de maneira que haja baixa resistência ao ar. Além disso, o equipamento não requer custos altos de instalações.

Maria Cristina Canela e Benigno Sanchez
A ideia é utilizar o disco solar inicialmente em águas de poços rasos, muito utilizados na zona rural, onde não chega a rede de água potável. Dados do IBGE mostram que na zona rural 54,8% da água vem de poços e nascentes. Um estudo feito pela empresa Trata Brasil e Fundação Getúlio Vargas mostra que o SUS recebe cerca de 800 pacientes/dia com doenças diretamente ligadas ao saneamento ambiental inadequado, como diarreias, febre amarela, leptospirose, micoses, entre outras.

- O Brasil tem investido muito nos últimos anos em energias renováveis e o potencial brasileiro para energia solar não pode ser negligenciado e pode ser importante tanto do ponto de vista de grande escala como em pequenas unidades – afirma Cristina.

Segundo Cristina, a tecnologia de concentradores solares surgiu na década de 1970 como um caminho para a produção de energia através do aquecimento de um fluido e para tratamento de materiais pela concentração de energia do sol em uma área definida. Os discos solares podem produzir concentração de energia muito alta e então alcançar um aumento significativo de temperatura. Diferentes sistemas têm sido desenvolvidos para esta finalidade, embora em alguns casos estes discos possam necessitar de grandes áreas e serem muito caros.

 - Nosso disco solar pode captar a luz solar e concentrá-la em um ponto, onde deverá ter um sistema para passagem da água, que será aquecida a alta temperatura, promovendo a sua desinfecção. É um processo de baixo custo, que utiliza energia renovável, ocupa pouco espaço, não consome reagentes químicos e precisa de pouca manutenção – explica Cristina, lembrando que nas comunidades rurais o equipamento poderia ser utilizado para tratar a água a ser consumida no próprio local de uso, melhorando assim a qualidade de vida das populações e evitando problemas com enfermidades hídricas.


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