sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Coluna Nutrição: As bananas na alimentação humana




As bananas na alimentação humana


Luiz Fernando Miranda e Karla Silva Ferreira


A banana (Musa spp) é a fruta de maior aceitação mundial e nacional. No mundo, a produção anual é de 70,6 milhões de toneladas, produzidas principalmente pela índia, Brasil, China, Equador, Filipinas, Indonésia e México.  No Brasil, segundo a Embrapa, produz-se 7,3 milhões de toneladas por ano, sendo as regiões sudeste e nordeste as maiores produtoras.  Os brasileiros são os maiores consumidores mundiais de banana, principalmente as variedade prata e nanica. As variedades nacionais de banana são: Prata, Pacovan, Prata Anã, Maçã, Mysore, Terra, D’Angola, Nanica, Nanicão, Grande Naine, Ouro, Figo e Caru.

Com o advento do melhoramento genético, tem sido produzido um número maior de variedades de banana mais fáceis de serem cultivadas. A partir desta fruta pode-se elaborar diferentes subprodutos, como purê, banana em calda, bananada, banana passa, farinha, geléia, licor, vinho, vinagre, fruta cristalizada, suco e até álcool etílico. A banana poderia ser mais barata aos brasileiros se não fosse o alto grau de perda desde a produção até o transporte. Segundo a Embrapa, cerca de 40% do que é produzido é perdido até a chegada da fruta ao consumidor. Grande parte dessa perda deve-se à forma inadequada de transporte da fruta.

A banana é uma pseudobaga de polpa macia e casca consistente. Os pontos pretos na fruta são resquícios dos óvulos não fecundados e as linhas brancas são resquícios dos vasos condutores de seiva. A fruta não apresenta semente porque a seleção genética feita pelo homem a eliminou, assim como também existe melancia sem semente. Quando cortada ou descascada, a banana inicia o processo de escurecimento, devido às enzimas polifenoloxidase e peroxidases que, em contato com o oxigênio do ar, formam compostos escuros que causam seu escurecimento. Entretanto, até o momento, nada foi associado ao consumo destes compostos e doenças.

A banana é um alimento nutritivo, rico em algumas vitaminas e minerais, conforme mostrado na tabela abaixo.  Em geral, as bananas são ricas em carboidrato, fibra, potássio (contém teor equivalente a 8% da recomendação diária de magnésio, 4700 mg), manganês (18-37% da recomendação), cobre (7-12%) e vitamina C (5,2-19%). Mesmo sendo muito nutritiva, o consumo excessivo de banana deve ser evitado para não causar ganho de peso corporal (alimento muito energético). Em função de esta fruta apresentar baixo a médio índice glicêmico (dependendo da banana), bem como os tipos de carboidrato e quantidade presentes, a ingestão da mesma antes e pós-exercício físico pode ser boa estratégia nutricional para fornecimento de energia e recuperação muscular. Para melhor adequação da dieta, procure auxílio de nutricionista.

Nas bananas há também a presença de compostos bioativos, como aminas biogênicas, polifenóis, fitoesteróis e carotenóides. No que tange aos polifenólicos, na polpa e na casca existem o ácido gálico, catequina, antocianinas, epigalocatequina, galocatequina, epicatequinas e taninos, na quantidade total de 7-45 mg/100 g da polpa. A ingestão destes compostos tem associação com prevenção de doenças, como as inflamatórias, cardiovasculares, câncer e diabetes.

Sobre os flavonóides, foram detectados na fruta 2,2 mg/100 g de polpa. No Brasil, estima-se que a ingestão destes compostos seja de 60-106 mg diárias. Ou seja, isto evidencia que a banana não deve ser a principal fornecedora destes antioxidantes, já que a quantidade não é tão expressiva, e para a melhor ingestão destes compostos, a alimentação deve ser variada e ser rica em outros vegetais.




A banana também é fonte de carotenóides. Os carotenos identificados foram: luteína, β-caroteno, α-caroteno, violaxantina, auroxantina, neoxantina, isoluteina, beta-criptoxantina e alfa-criptoxantina, totalizando 93 à 636 mcg de carotenóides em 100 g da polpa fresca. No Brasil, identificou-se nas cultivares teor 319,6 mcg de carotenóides, prevalecendo a luteína (150 mcg em média). O consumo de alimentos ricos em carotenóides melhora a imunidade e reduz o risco de doenças, como câncer, neurodegenerativas, diabetes e problemas cardíacos.

A casca de banana e a polpa contêm aminas biogênicas, como serotonina, dopamina e norepinefrina. O teor de serotonina encontado nesta fruta situou-se na  faixa de 8 a 50 mcg/g (média de 28 mcg/g). A serotonina contribui para melhora da sensação de de bem-estar e felicidade. Ainda não se sabe o quanto isto contribui de forma significativa para a melhora do bem-estar.

A banana também apresenta teores consideráveis de fitoesteróis. Foram encontrados em diferentes cultivares de banana os seguintes fitoesteróis: cicloeucalenone, cicloeucalenol, cicloartenol, stigmasterol, campesterol e β-Sitosterol. Os teores destes compostos variaram entre 0,07-0,33 g em 100 g de banana madura. O consumo de três bananas por dia equivale a 1/3 da recomendação diária de fitoesteróis (3 g). A ingestão de 3 g de fitosteróis é segura e tem ação hipocolesterolêmica em pacientes que necessitam de redução no LDL plasmático. No entanto, isto é questionável, pois a ingestão de colesterol não apresenta grande impacto sobre o LDL-plasmático para todos os humamos, salvo àqueles com problemas de captação de LDL-colesterol do sangue e metabolização.


Abaixo são mostradas algumas variedades de banana mais consumidas no Brasil.





Uma boa sugestão para desjejum é banana da terra cozida no micro-ondas. Faça assim: lave a banana, apare suas pontas e a corte no meio. Faça um corte ao longo da casca e profundo até o meio da banana.  Deixe no micro-ondas por, aproximadamente, dois minutos, dependendo do grau de maturação. Retire a casca, abra a banana, acrescente manteiga, mel e canela e manteiga.  Aí está uma maravilha de desjejum.








Referências: 

1. Arabbi PR, Genovese MI, Lajolo FM. Flavonoids in Vegetable Foods Commonly Consumed in Brazil and Estimated Ingestion by the Brazilian Population. J. Agric. Food Chem. 2004, 52, 1124−1131
2. Embrapa. A cultura da banana, 2006. Disponível em https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/11902/2/00079160.pdf. Data de acesso: 14 de outubro de 2017.
3. Embrapa. Coleção 500 perguntas 500 respostas, 2012. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/82218/1/500-Perguntas-Banana-ed02-2012.pdf. Data de acesso: 15 de outubro de 2017
4. Embrapa. Produção brasileira de banana. Disponível em: http://www.cnpmf.embrapa.br/Base_de_Dados/index_pdf/dados/brasil/banana/b1_banana.pdf. Data de acesso: 14 de outubro de 2017
5. Medeiros VP, et al.  Determinação da composição centesimal e do teor de minerais da casca e polpa da banana pavocã produzida no Estado do Rio Grande do norte. Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC, 2005.
6. MENEZES, E.W.; LAJOLO, F.M. (Coord.) Tabela brasileira de composição de alimentos. USP. FCF/USP (1998). Disponível em: <http://www.fcf.usp.br/tabela> Acesso em: 2, dez., 2002.
7. Pereira A; Maraschin, Marcelo. Banana (Musa spp) from peel to pulp: ethnopharmacology, source of bioactive compounds and its relevance for human health
8. Singh, B., Singh, J.P., Kaur, A., Singh, N., Bioactive compounds in banana and their associated health benefits – a review, Food Chemistry (2016)

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Coluna Nutrição: Rotulagem Nutricional de Alimentos




Rotulagem Nutricional de Alimentos


Sâmela Oliveira Barbosa, Carolina de Méllo Schelck e Karla Silva Ferreira


A Rotulagem Nutricional, de acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) número 360 da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é toda descrição destinada a informar ao consumidor sobre as propriedades nutricionais de um alimento. Ela está presente nos alimentos produzidos e comercializados, qualquer que seja sua origem, embalados na ausência do cliente e prontos para serem oferecidos aos consumidores.  As exceções são as bebidas alcoólicas, aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia, especiarias, águas minerais naturais e demais águas de consumo humano, vinagres, sal (cloreto de sódio), café, erva mate, chá e outras ervas sem adição de outros ingredientes, alimentos preparados e embalados em restaurantes e estabelecimentos comerciais, prontos para o consumo, produtos fracionados nos pontos de venda a varejo, comercializados como pré-medidos e frutas, vegetais e carnes in natura, refrigerados e congelados.

Há informações que são obrigatórias e outras opcionais. As informações obrigatórias são:
1) Tamanho da porção em gramas ou mililitros e medida caseira correspondente;
2) Valor energético da porção, expresso e Kcal e KJ (Kilojoule) e porcentagem em relação a 2000 Kcal ou 8400 KL.
3) Teores de carboidratos, gordura total, gordura saturada e fibra alimentar na porção, expressos em gramas e porcentagem do Valor Diário (VD). O VD é a quantidade que deve ser ingerida diariamente por um indivíduo saudável.
4) Teores de gordura trans. Para gordura trans não há VD, pois o ideal é que não esteja presente no alimento. 
5) Teores de sódio na porção, expresso em miligramas, e porcentagem do VD.
6) Se contém ou não contém glúten. Os alimentos que contêm glúten são os que têm como ingredientes trigo, aveia, centeio e cevada ou são produzidos em ambientes que possam estar contaminados com estes produtos. 
7) Nome do transgênico, no caso de conter mais de um 1% de qualquer produto transgênico. Também deve ter o símbolo do transgênico, que é a letra T dentro de um triângulo.
8) O alerta, “Alérgicos, contém....... e o nome do alimento que pode causar alergia de acordo com a lista dos principais alimentos que causam alergia. Estes alimentos são mostrados no Quadro 1.
9) Caso o alimento contenha o corante amarelo tartrazina, este deve ser declarado na lista de ingredientes escrito por extenso.
10) Se contém lactose deve ser declaro “contém lactose” em destaque, de forma similar aos componentes que causam alergia, caso o alimento ou ingrediente contenha mais que 100 mg de lactose por 100 ML ou 100 gramas. No caso de fórmulas infantis ou para nutrição enteral, a declaração é necessária mesmo para quantias menores que a citada anteriormente. Além desta informação em destaque, deve ser declarado junto è lista de nutrientes, logo abaixo dos teores de carboidratos, os teores de lactose e de galactose em gramas, porém sem o VD, visto que não há VD determinado para estes componentes.
11) A declaração dos teores de minerais, exceto o sódio, e de vitaminas só pode ser feita se os teores destes nutrientes, na porção declarada no rótulo, forem iguais ou superiores a 5% da Ingestão Diária Recomendada (IDR) para os mesmos.
12) A lista de ingredientes do alimento, começando pelo ingrediente presente em maior quantidade, isto é, em ordem decrescente de quantidade, incluindo os aditivos.
13) É também obrigatória a explicação “*% Valores Diários com base em uma dieta de 2.000 Kcal ou 8.400 KL". Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades energéticas. 



Sobre os teores dos nutrientes declarados no rótulo nutricional é permitida uma margem de erro de 20% para mais ou para menos em relação aos teores reais. Isto é permitido em razão da variação normal que pode ocorrer na composição dos alimentos.  As Figuras 1 e 2 são fotos de embalagens de alimentos contendo as informações nutricionais obrigatórias. 



As informações não obrigatórias são relacionadas à declaração de propriedades nutricionais e podem ser expressas na forma de qualquer representação que afirme, sugira ou implique que um produto possui propriedades nutricionais particulares. Estas propriedades podem ser em relação ao seu valor energético e conteúdo de proteínas, gorduras, carboidratos, fibra alimentar, vitaminas, minerais e outras substancias benéficas ou prejudiciais para a saúde, desde que seus teores presentes na porção sejam expressivos ou não do ponto de vista nutricional. Os termos que podem ser utilizados e os teores de referência são estabelecidos na RDC Nº 54, de 12 de novembro de 2012, Informação Nutricional Complementar.  

Dentre as informações nutricionais complementares estão as relacionadas com as sugestões de que o alimento seja rico ou isento de algum nutriente ou componente, por exemplo “fonte de ..........(nome do nutriente), reduzido em .......(nome da substancia), baixo ou não contém .... (nome do componente).   Na Figura 3 são mostradas fotos de embalagens de alimentos contendo informações nutricionais complementares. 



 
Bibliografia: 

1. BRASIL. ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 340, de 13 de dezembro de 2002,– Estabelece a obrigatoriedade de declarar na rotulagem, na lista de ingredientes de alimentos que contenham o corante tartrazina, o nome do corante por extenso. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 18 de dezembro de 2002.

2. BRASIL. ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003,– Estabelece o Regulamento Técnico sobre Rotulagem Nutricional de Alimentos Embalados. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 26 de dezembro de 2003.

3. BRASIL. ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 359, de 23 de dezembro de 2003,– Estabelece o Regulamento Técnico de Porções de Alimentos Embalados para Fins de Rotulagem Nutricional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 26 de dezembro de 2003.

4. BRASIL. Decreto nº. 4680, de 24 de abril de 2003. Regulamenta o direito à informação quanto aos alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de organismos geneticamente modificados. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 25 de abril de 2003.

5. BRASIL. Lei nº. 10674, de 16 de maio de 2003. Obriga a que os produtos alimentícios comercializados informem sobre a presença de glúten, como medida preventiva e de controle da doença celíaca. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 19 de maio de 2003.

6. BRASIL. ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 54, de 12 de novembro de 2012 -Estabelece o Regulamento Técnico de Informação Nutricional Complementar. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 12 de novembro de 2012.

7. BRASIL. ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 26, de 2 de julho de 2015,– Estabelece os Requisitos para rotulagem obrigatória dos principais alimentos que causam alergias alimentares. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 03 de julho de 2015.

8. BRASIL. ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada – Documento de Esclarecimento sobre a Rotulagem de Alimentos- Perguntas e Respostas, de 5 de junho de 2017,– Fornece orientações sobre o regulamento de rotulagem obrigatória dos principais alimentos que causam alergias alimentares, publicado pela RDC n. 26/2015. 5ªed, Brasília, DF.

9. BRASIL. ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 136, de 8 de fevereiro de 2017,– Estabelece os requisitos para declaração obrigatória da presença de lactose nos rótulos dos alimentos,. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 9 de fevereiro de 2017.

terça-feira, 18 de julho de 2017

Coluna Nutrição: Gordura de coco e saúde humana




Gordura de coco e saúde humana


Luiz Fernando Miranda da Silva e Karla Silva Ferreira


Gordura ou óleo de coco?

Primeiramente vamos fazer a distinção entre óleo e gordura. Ambos são compostos por triacilgliceróis, que são substâncias formadas por ácidos graxos e glicerol. O glicerol é um álcool formado por três carbonos e três hidroxilas. Já os ácidos graxos que formam os triacilgliceróis têm entre 4 a 22 átomos de carbono e estas cadeias carbônicas podem ou não conter duplas ligações. É dada a denominação de saturados para os que não contêm dupla ligação e insaturados para os que contêm uma ou mais duplas ligações. Quanto maior o número de átomos de carbonos do ácido graxo e menor o número de ligações duplas, mais alto seu ponto de fusão. Em outras palavras, mais sólidos são à temperatura ambiente. As gorduras têm em sua composição maior porcentagem de ácidos graxos saturados e por isso são sólidas à temperatura ambiente (25o C). Já os óleos, por terem alta porcentagem de ácidos graxos insaturados, são líquidos nestas condições. A denominação de azeite é para os óleos que são extraídos de frutos, como o de oliva e dendê.

Abaixo pode ser observado na Figura 1 a estrutura de uma molécula de triacilglicerol e na Figura 2 de uma molécula de ácido graxo saturado e uma de ácido graxo insaturado.





Na tabela 1 é mostrada a composição da gordura de coco e a classificação dos seus ácidos graxos quanto ao tamanho da cadeia e grau de saturação. Conforme pode ser observado, 99% dos ácidos graxos são saturados. Portanto, a denominação correta, no caso do coco, é gordura de coco, uma vez que ele é composto praticamente por ácidos graxos saturados e é sólido à temperatura ambiente. Embora seja um fruto, o termo “azeite” também não é aplicável. O termo “óleo” deve ter sido colocado como apelo comercial pelo fato da palavra “gordura” ter uma conotação negativa para a população.



A gordura de coco, com a denominação de “óleo”, tem sido recomendada por diversos profissionais da saúde como alimento benéfico para a saúde humana e também como fonte energética para praticantes de exercício físico. Realmente, há algumas vantagens em seu consumo, mas não tanto quanto tem sido divulgado. Um ponto positivo para a gordura de coco é a sua fácil digestibilidade, a presença de polifenóis, que podem ter efeito antioxidante, e maior estabilidade para a fritura que os óleos, gerando menos compostos tóxicos. Esta estabilidade é dada pela baixa quantidade de ácidos graxos insaturados, apenas 1%. Todavia, a recomendação é reduzir o uso de frituras e de dietas que forneçam energia acima da quantidade que o indivíduo pode gastar, visto que isso leva a um progressivo ganho de peso. Alertamos que a incidência de obesidade está aumentando em nossa população, tanto nos adultos quanto entre os jovens e crianças.

Alguns estudos têm evidenciado que, devido à gordura de coco apresentar majoritariamente ácidos graxos de cadeia média (ácido caprílico, cáprico e láurico), poderia induzir perda de peso e fonte energética no exercício físico, uma vez que estes ácidos graxos são mais facilmente digeridos, absorvidos e transportados no sangue.. Realmente, sua indicação na prática clínica é devido a algumas destas características. Os ácidos graxos de cadeia curta e média são indicados para indivíduos nas seguintes condições:

1) Com comprometimento da formação da bílis e absorção de óleos ou gorduras formados por ácidos graxos de cadeia longa.
2) Para as pessoas que requerem elevada ingestão de energia por estarem com o catabolismo acelerado, por exemplo em casos de grandes queimaduras ou em pós-operatório.
3) Nas pessoas com deficiência de transportadores de ácidos graxos de cadeia longa nas mitocôndrias.
4) No tratamento de convulsões.

No caso do efeito positivo dos ácidos graxos de cadeia média no desempenho atlético de humanos, os estudos que demonstraram efeito positivo foram na quantidade de 30 g a 45 g para a redução do glicogênio muscular. Entretanto, não apresentaram efeito superior à suplementação com glicose em solução. Por outro lado, nestas quantias testadas, foi observado que os ácidos graxos de cadeia média provocaram efeitos gastrointestinais negativos. Sendo assim, o uso de gordura de coco no café como estratégia de pré-treino para aumento de energia não parece uma boa alternativa. Para corresponder a 30 gramas de ácidos graxos de cadeia média seria necessário 60 gramas de gordura de coco, quantia está que, provavelmente, causaria desconforto gástrico e baixa aceitabilidade de consumo. Isto aumentaria também a presença de outros ácidos graxos de cadeia longa em quantidade acima de 10 g, o que implica em baixa taxa de esvaziamento gástrico.

O elevado consumo de gordura de coco é desencorajado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Conselho Federal de Nutrição, Academy of Nutrition and Dietetics/USA e Associação Brasileira de Nutrologia, pelo fato que seu consumo em quantidade elevada aumenta o LDL no sangue (lipoproteína de baixa densidade ou “colesterol ruim’), levando a risco de aterosclerose, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral isquêmico e doença arterial periférica. Este fato é causado devido aos elevados teores dos ácidos graxos saturados de 12, 14 e 16 carbonos na gordura de coco. Estes ácidos graxos são, junto com as gorduras “trans”, as principais substâncias associadas às doenças cardiovasculares. Finalmente, não há indicação dos mesmos para emagrecimento ou tratamento da obesidade. Esta gordura fornece a mesma quantidade de energia que as demais, ou seja, aproximadamente, 9 quilocalorias por grama.

REFÊRENCIAS

1. LEHNINGER, A. L.; NELSON, K. Y. Princípios de Bioquímica. 4. ed. São Paulo: Sarvier, 2006.
2. Cousins RJ, Shils, Ross AC. Tratado de Nutrição Moderna na Saúde e na Doença. 10ª ed. Manole, 2009.
3. Jiang Z, Zhang S, Wang X. Metabolic effects of medium-chain triglyc- erides in parenteral nutrition after surgery. Zhonghua Wai Ke Za Zhi 2001;39:694-7.
4. Sabatin P, Portero GD, Bricout J, Guezennec CY. Metabolic and hor- monal responses to lipid and carbohydrate diets during exercise in man. Med Sci Sports Exerc 1987;19:218-23.
5. Colleone VV. Aplicações clínicas dos ácidos graxos de cadeia média. In: Curi R, Pompéia C, Miyasaka CK, Procopio J, editores. Entendendo a gordura: ácidos graxos. 1a ed. Barueri: Manole, 2002;199-214.
6. Sabatin P, Portero GD, Bricout J, Guezennec CY. Metabolic and hor- monal responses to lipid and carbohydrate diets during exercise in man. Med Sci Sports Exerc 1987;19:218-23.
7. Massicotte D, Peronnet F, Brisson GR, Hillaire-Marcel C. Oxidation of exogenous medium-chain free fatty acids during prolonged exercise: comparison with glucose. J Appl Physiol 1992;73:1334-9.
8. SBME. A polêmica sobre o óleo de coco. Disponível em https://www.endocrino.org.br/polemica-do-oleo-de-coco/. Data de acesso: 8 de junho de 2017.
9. CFN. Saiba mais sobre os óleos de coco e canola. Disponível em http://www.cfn.org.br/index.php/saiba-mais-sobre-oleos-de-coco-e-de-canola/. Data de acesso: 8 de junho de 2017.
10. Academy of Nutrition and Dietetics. Position of the Academy of Nutrition and Dietetics: Dietary Fatty Acids for Healthy Adults. Journal of the academy of nutrition and dietetics. 2014:114(1).
11. Abran. Posicionamento oficial da associação brasileira de nutrologia a respeito da prescrição de óleo de coco. Disponível em http://abran.org.br/para-publico/posicionamento-oficial-da-associacao-brasileira-de-nutrologia-respeito-da-prescricao-de-oleo-de-coco/. Data de acesso:8 de junho de 2017.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Coluna Nutrição: Suplementos Estimulantes do Metabolismo




Suplementos estimulantes do metabolismo


Luiz Fernando Miranda da Silva e Karla Silva Ferreira


Está cada vez mais na moda o uso de suplementos estimulantes do metabolismo, principalmente nas academias. Normalmente eles são indicados como pré-treino ou termogênicos. O significado de “termogênico” é geração de energia na forma de calor. Por este motivo, nas propagandas destes produtos são comuns promessas de queima de gordura e emagrecimento.

As principais substâncias destes suplementos estimulantes do metabolismo são a cafeína, guaranina, sinefrina e catequina. A ação delas no organismo é por meio do estimulo para liberação de hormônios adrenérgicos, como adrenalina e/ou prolongar o efeito do AMP cíclico (Adenosina monofosfato).

Estes eventos, ao mesmo tempo em que aumentam o metabolismo, também estimulam a ação de enzimas que atuam promovendo a oxidação de carboidrato, proteína e gordura para fornecer a energia necessária para sustentar o metabolismo aumentado. O metabolismo acelerado acompanhado de energia traz melhora do rendimento esportivo. Abaixo são mostrados alguns produtos comercializados no mercado com esta finalidade.


Até aqui isso parece ser muito bom. Agora, vamos analisar a parte negativa:

1) Termos apelativos

No Brasil é proibido o uso de termos como “termogênicos”, “queima de gordura” ou “emagrecimento” na venda de qualquer produto. Fabricantes que utilizam estes termos induzem o consumidor a acreditar que os mesmos emagrecem, o que, por si só, não é verdadeiro. Além disso, trata-se de uma informação apelativa.

2) Presença de cafeína e sua quantidade

A Anvisa regulamenta por meio da RDC 60 (2008) que produtos estimulantes devem conter somente cafeína em sua composição em até 420 mg na porção recomendada para consumo. Vale frisar que a indicação deste produto é destinada aos atletas. A sinefrina, catequina e guararina não são reconhecidas pela legislação como suplementos estimulantes. Isso porque elas têm efeito estimulante pouco significativo em relação a cafeína.

Abaixo, na Figura 2, é mostrado exemplo de rótulo de produto contendo cafeína. Observe que a porção é de 2 cápsulas contendo no total 400 mg de cafeína (200 mg em cada). Esta quantidade está adequada à legislação. Há fabricantes, porém, que não informam a quantidade de cafeína, o que é ilegal. Todo fabricante deve informar o teor de cafeína. Observe também que a dosagem é de 2 cápsulas (400 mg), o que quase atinge o limite de ingestão diária de cafeína. Se o indivíduo usar mais cápsulas (ex. duas doses ao dia) excederia a quantidade máxima permitida pela legislação, o que colocaria sua saúde em risco. Portanto, ao invés de colocar “sugestão de uso” deveria ser colocado o modo de usar e a posologia, uma vez que o consumo de maior quantidade superaria o limite de ingestão diária seguro. E ainda assim para as pessoas tolerantes a cafeína.





Mesmo que esteja condizente com a legislação, a quantidade de 100, 200, 300 ou 400 mg de cafeína pode ser excessiva para indivíduos pouco tolerantes. Para fins de comparação, 1 xícara contendo 60 ml de café expresso contém, em média, 60 mg de cafeína. No café caseiro (infusão, com  20 g de pó  em 250 ml de água), 1 xícara com 60 ml de café contem, em média, 36 mg de cafeína. Ou seja, se o indivíduo ingerir 2 cápsulas de um suplemento contendo 400 mg de cafeína seria equivalente a ingestão de quase 12 xícaras de café caseiro ou 6 xícaras de café expresso. Algumas pessoas toleram bem esta quantidade, mas para outras, pouco tolerantes, esta quantidade é excessiva, e pode provocar elevação da pressão arterial, taquicardia, falta de ar, tremor e sudorese. Para verificar a dosagem certa, é importante consultar um profissional da saúde especializado (médico do esporte ou nutricionista) que poderá prescrever a quantidade condizente com a tolerância da  pessoa. Assim, este produto pode até mesmo ser elaborado em farmácia de manipulação.


3) Presença de composto proibido declarado na embalagem

Há produtos que além da cafeína, contêm compostos não permitidos pela Anvisa, e por isso, muitos fabricantes não declaram a presença do mesmo nas embalagens. Recentemente a Anvisa apreendeu produtos que continham a substância DMMA (1,3 dimetilamilamine). Esta substancia possui efeitos muito mais acentuados que a cafeína, aumentando muito o metabolismo, o que traz mais riscos ao consumidor, como muita elevação da pressão arterial, taquicardia, falta de ar, tremor excessivo e sudorese intensa. Nos EUA, estes produtos não são proibidos, mas sua importação é ilegal. Abaixo, Figura 3, é mostrado a indicação da presença do mesmo num produto comercializado num website no Brasil.





Concluindo, podemos dizer que os suplementos estimulantes contendo cafeína podem ser boa opção para a melhora no desempenho esportivo. No entanto, para o melhor condicionamento físico, é necessário observar o estado adequado da saúde como um todo, além da dieta e atividade física. De nada adianta o uso de estimulantes, se a dieta estiver inadequada ou o indivíduo apresentar doenças que comprometam o exercício físico.



Referências

Braga LC, Alvez MP. A cafeína como recurso ergogênico nos exercícios de endurance. Rev. Bras. Cien. e Mov. 8(3):33-37.

Brasil. Consulta pública RDC 60, 13 de novembro de 2008. Regulamento Técnico para atletas. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 de nov. de 2008.

Carmargo MCR, Toledo MCF. (1998) Teor de cafeína em cafés brasileiros. Ciênc. Tecnol. Aliment. 18 (4) 421-424p.

Guyton AC, Hall JE. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier Ed., 2006.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Coluna Nutrição - Soja: alimento de alta qualidade para ser consumido com moderação




Soja: alimento de alta qualidade para ser 

consumido com moderação


Luiz Fernando Miranda da Silva e Karla Silva Ferreira

A soja é uma leguminosa, assim como o feijão, ervilha, grão de bico, amendoim, lentilha, e é muito nutritiva. O Brasil perde apenas para os EUA como maior produtor de soja no mundo (95 milhões de toneladas), tendo sua maior produção destinada ao mercado externo. A partir da soja, produz-se diversos subprodutos como extrato de soja, farinha, missô, shoyo, óleo de cozinha, bebida de soja, tofu, lecitina e proteína texturizada, concentrada ou isolada. Na Figura 1, é mostrada a composição do grão de soja; na Tabela 1, o valor nutritivo de alguns de seus derivados; e, na Figura 2, alguns exemplos de produtos derivados da soja.






A soja é rica em proteínas de alto valor biológico, ou seja, possui elevado teor de aminoácidos essenciais e eles são bem absorvidos e utilizados pelo organismo. A soja A qualidade se assemelha às boas proteínas de origem animal. Àqueles que optam por dietas vegetarinas têm na soja a melhor opção proteica entre os vegetais.  A soja, assim como o feijão, forma boa combinação com o arroz, pois a soja é rica no aminoácido essencial lisina e pobre em metionina, também uma aminoácido essencial, ao contrário do arroz, que é pobre em lisina porém rico em metionina. Já existem no mercado diversos suplementos a base de proteína isolada da soja (que já possui tratamento térmico) destinado a casos especiais de saúde, como desnutrição, intolerância a lactose, galactosemia e alergia a proteínas do leite. A soja, assim como o feijão, contem fatores antinutricionais, que podem ser inativados com tratamento térmico.



Dentre os carboidratos presentes na soja estão os oligossacarídeos (rafinose, estaquiose e sacarose) e amido. Os oligossacarídeos, no intestino grosso, podem ser utilizados pelas bactérias benéficas no intestino, estimulando o crescimento desta bactérias mas acarretando a produção de gases. As fibras são do tipo insolúvel (hemicelulose, celulose e lignina) e solúvel (a pectina, principalmente). Por ser rico em fibras alimentares, contribui para o melhor funcionamento do intestino.

A soja possui lipídios de boa qualidade e essenciais para o ser humano. Além de possuir altos teores do ácido graxo linoleico (um ômega-6) é um dos poucos óleos que nos fornece quantidade satisfatória do ácido graxo essencial ácido alfa-linolênico (um ômega-3). Estes ácidos graxos são essenciais para constituir membranas de células, hormônios que controlam o sistema imunológico, impulsos elétricos para comunicação entre neurônios, coagulação sanguínea, vasodilatação, broncodilatação, redução do LDL-colesterol. Entretanto, o consumo de ômega 3 e ômega 6 deve ser equilibrado, de forma que o excesso de ômega 6 pode provocar inflamação desnecessária e o excesso de ômega 3 pode favorecer hemorragia. A presença de ômega 3 em quantidades adequadas ajuda a amenizar o excesso de produção de substâncias inflamatórias. O Ministério da Saúde recomenda que o consumo de ômega 6 provenientes dos vegetais (ácido linoléico) deva ser 15 g ao dia, e ômega 3 (alfa-linolênico) 2 gramas ao dia. Na Tabela 2 pode-se comparar o teor de ácidos graxos ômega 3 e 6 do óleo de soja com outros óleos e azeites vegetais.



Devido ao fato de apresentar elevado teor de ácidos graxos poli-insaturados, o óleo se oxida com maior facilidade durante o armazenamento e quando submetido a altas temperaturas.  Observe que o óleo de soja possui altas quantidades de ácidos graxos poli-insaturados, o que inclui os ômega-6 e ômega-3.  Apenas o óleo de canola possui quantidade de ácido essencial alfa-linolênico superior ao de soja. Entretanto, esta diferença só é expressiva quando é observado em 100 g de óleo. Na quantidade de óleo que se usa no refogado (2 colheres de sopa, aproximadamente 11,2 g), a diferença é insignificante, o que torna o óleo de soja mais viável em termos de qualidade e custo.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária considera a proteína da soja como alimento funcional e recomenda a ingestão de 25 g ao dia para ajudar na redução das lipoproteínas de baixa densidade do sangue (LDL-colesterol). Esta recomendação também é adotada nos Estados Unidos, Reino Unido, África do Sul. Filipinas, Indonésia e Colômbia. A soja também é rica em antioxidantes, como as isoflavonas, que ajudam a prevenir doenças crônicas, como câncer de mama, diabetes e doenças cardiovasculares. A ingestão da soja também está associada à redução do índice glicêmico em dieta mista, uma vez que a isoflavona ginesteína pode estimular o pâncreas a produzir insulina e as fibras retardam a absorção da glicose dos alimentos ingeridos junto à soja. O campo de estudo da soja sobre o controle da glicemia ainda precisa ser melhor explorado, tendo em vista que as pesquisas foram realizados in vitro e com animais roedores.

Existe a polêmica de que o consumo regular da soja possa causar características femininas em homens e provocar distúrbio no funcionamento da tireoide em humanos.  Este fato é atribuído às isoflavonas, pois algumas têm a estrutura molecular semelhante aos hormônios femininos (estrógeno), de forma que elevado consumo poderia causar aumento do tecido mamário em homens (ginecomastia). Entretanto, há poucas evidências que sustentam esta hipótese e estudos mostram que as isoflavonas apresentam-se na forma glicosilada, o que não teria efeito hormonal.  Diversos estudos têm indicado que as isoflavonas (genisteína e daidzeína) possam inibir o processo de iodação para síntese de hormônios tireoidianos e provocar baixo funcionamento da glândula a até causar bócio.

Entretanto, é importante ressaltar que estes efeitos negativos apenas ocorrem com ingestão de quantidade muito elevada de isoflavona. O teor de isoflavonas na soja varia de acordo com as cultivares, sendo em média 267 mg/100 g de soja, majoritariamente na forma glicosilada. A ingestão diária de 25 g de soja, que é a quantia recomendada pela Anvisa para efeito funcional conteria, em média,  66,7 mg /100 g de isoflavonas, o que é inferior à quantidade necessária para causar efeitos indesejáveis. Por exemplo, na pesquisa que demonstrou aparecimento de ginecomastia em homens, a ingestão de isoflavonas foi de 360 mg por dia por meio da ingestão de 3 litros de bebida com extrato de soja. A população japonesa consome grande quantidade de derivados da soja fermentados, como tofu, missô, natto, tempeh, que possuem baixo teor de isoflavonas, pois do contrário poderia acarretar efeitos colaterais na produção de hormônios tireoidianos. O consumo de isoflavonas pelos japoneses é de 22 mg ao dia, em média.

No que tange à prescrição de soja como fonte de isoflavina para alívio dos sintomas do climatério, a American Heart Association esclarece que não se deve recomendar a soja para este fim, tendo em vista que não há comprovação deste efeito.

Portanto, de acordo com as pesquisas realizadas até o momento, pode-se concluir que o consumo em quantidade não excessivas de soja e/ou seus derivados traz benefícios à saúde, mas é bom atentar para a necessidade de diversificar as fontes de proteína da alimentação. A soja não deve ser a única ou principal fonte proteica da dieta para evitar que seu consumo seja excessivo ao ponto de acarretar efeitos adversos pelos fatores antinutricionais e disfuncionais que ela possui.


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1) BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Lista de alegações aprovadas. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/alimentos/comissoes/tecno_lista_alega.htm. Data de acesso: 7 de fevereiro de 2017.
2) BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Comissões tecnocientíficas de Assessoramento em Alimentos Funcionais e Novos Alimentos. 20 de julho de 2004. Disponível em http://www.anvisa.gov.br/alimentos/comissoes/tecno_bk.htm. Data de acesso: 16 de fevereiro de 2017.
3) Costa NMB, Rosa COB. Alimentos funcionais. 2a edição. Rio de Janeiro. Rubio. 2016. 479p.
4) ILSI. Soja como uma fonte de proteína de alta qualidade. 2016. Disponível em: http://ilsibrasil.org/wp-content/uploads/sites/9/2016/08/Livro-soja-ONLINE-com-capa.pdf. Data de acesso 20 de fevereiro de 2017.
5) Lajolo FM, Menezes EW. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos/TBCAUSP. Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental FCF-USP. Disponível em http://www.intranet.fcf.usp.br/tabela/. Data de acesso: 07 de fevereiro de 2017.
6) UNICAMP - NEPA – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO). 4ª ed. Campinas, 2011. 161p.
7) Silva CE, Carrão-Pazzini MC, Mandarino JMG, Leite RS, Mônaco APA. Teores de isoflavonas em grãos inteiros e nos componentes dos grãos de diferentes cultivares de soja (Glycine max (L.) Merrill). Braz. J. Food Technol, 15(2):150-156, 2012.
8) Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição. O benefício do consumo da proteína isolada de soja nas diferentes fases da vida. 2016. Disponível em http://sban.cloudpainel.com.br/source/Proteina-Isolada-Soja.pdf. Data de acesso: 9 de fevereiro de 2017.
9) Sacks FM, Lichstenstein ADSc, Van Horn L, Harris W, Kris-Etherton P, et al. Soy Protein, Isoflavones, and Cardiovascular Health: An American Heart Association Science Advisory for Professionals From the Nutrition Committee. Circulation 2006;113:1034-44.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Coluna Nutrição - Alimentos com "Calorias negativas" - Alimentos que emagrecem"




Alimentos com “calorias negativas” – alimentos que emagrecem


Sâmela Oliveira Barbosa, Carolina de Méllo Schelck, Taylane de Freitas Fragoso, 
Luis Fernando Miranda da Silva e Karla Silva Ferreira


Alguns alimentos podem ser considerados como tendo “calorias negativas”. Esta expressão é atribuída pelo fato de o nosso organismo gastar mais energia no processo de mastigação e excreção de seus resíduos do que a energia que eles nos fornecem.

Isso acontece por que estes alimentos possuem maior proporção de substâncias que não fornecem energia, como as fibras dietéticas, a água e as cinzas (minerais totais) em relação as que fornecem energia. Os principais componentes dos alimentos que fornecem energia são os carboidratos digeríveis, as proteínas, o álcool, os lipídios e os ácidos orgânicos não incluídos na categoria de lipídios. Cada grama de proteína, amido e açúcar fornece 4 Kcal; cada grama de lipídio (óleos e gorduras) fornece 9 Kcal; cada grama de álcool, 7 Kcal, e os ácidos orgânicos, 3 Kcal por grama. Alguns polióis, por exemplo xilitol, eritritol e sorbitol, podem fornecer energia, 2,4 Kcal por grama. Entretanto, têm um poder adoçante elevado e sua ocorrência natural nos alimentos não é expressiva. São mais utilizados como adoçantes artificiais.

Os carboidratos englobam um extenso grupo de substâncias. Com exceção do glicogênio e da lactose, os demais carboidratos são produzidos pelos vegetais e podem ser agrupados em carboidratos digeríveis e não digeríveis. Os não digeríveis são as fibras, que possuem função estrutural nos vegetais e, de modo geral, não fornecem energia. Os digeríveis são o amido, o glicogênio e os açúcares, que podem ser hidrolisados e produzir energia.  O amido e o glicogênio são as formas como os vegetais e animais, respectivamente, armazenam energia. A principal diferença entre eles é que o glicogênio é consumido pelo animal quando este é abatido, portanto não é encontrado nas carnes. Os principais açúcares dos alimentos são a lactose, encontrada apenas no leite e em alguns de seus derivados, e a sacarose, glicose e frutose, encontradas nas frutas e que lhes confere gosto doce. O amido não possui gosto doce e o vegetal o armazena nas sementes, tubérculos e alguns tipos de raízes e frutas, tais como a raiz da mandioca e a banana.

Pelo fato de as fibras não serem absorvidas pelo nosso organismo, elas não nos fornecem energia e sua presença é determinante para que um alimento possa ser considerado “caloria negativa”. As principais fibras dietéticas são a celulose, hemicelulose, pectina e lignina. Devido à característica e função que cada uma delas exerce no vegetal, algumas são encontradas principalmente nas folhas, outras nos frutos, outras nas raízes etc.

Pode haver dúvida se a cocção ou a trituração (em liquidificador, por exemplo) pode tornar a fibra digerível, possibilitando sua digestão e fazendo com que elas forneçam energia. O aquecimento e/ou a trituração facilitam a mastigação, mas não promovem a quebra das ligações químicas entre as moléculas que formam as fibras. Portanto, mesmo cozidas ou trituradas, as fibras continuam sendo fibras.

A celulose é uma substância extremamente resistente e tem a função de dar rigidez e firmeza aos vegetais. Por isso, ela é encontrada em folhas, caules e raízes. A hemicelulose é encontrada na parede celular das folhas, posicionadas entre as microfibrilas de celulose, tendo a função de impedir que estas microfibrilas de celulose se toquem, garantindo a elasticidade necessária às folhas. A lignina é formada por três alcoóis aromáticos: coumaril, coniferil e sinaptil e é  encontrada na parede celular secundária da planta, sendo responsável pela rigidez e impermeabilidade à água que a planta necessita ter. Estas fibras têm baixíssima capacidade de absorver água e são classificadas como fibras insolúveis. Quando ingeridas por seres humanos, essas fibras promovem o aumento do bolo fecal e estimulam o bom funcionamento intestinal.

As pectinas têm capacidade de absorver água. São fibras solúveis e encontradas nos frutos, contribuindo para a sua estrutura macia e suculenta. Há controvérsias sobre o fornecimento de energia pela pectina. Alguns pesquisadores consideram que elas forneçam 4 Kcal por grama. Outros, um pouco menos a zero. Outras fibras solúveis são as gomas, mucilagem, beta-glucanos e hemicelulose tipo A. Elas estão presentes principalmente em frutas, verduras, aveia, cevada e algumas leguminosas como feijão, grão de bico, lentilha e soja.  As fibras solúveis, quando ingeridas, retardam a absorção da glicose, reduzem o esvaziamento gástrico, promovendo uma sensação de saciedade por um tempo mais longo. Também ajudam na diminuição do colesterol no sangue e previnem o câncer de intestino. Algumas destas fibras são prebióticos, pois servem como alimento para os microrganismos benéficos (probióticos) que habitam nosso intestino grosso.








Com base neste conhecimento, pode-se concluir que os alimentos com maior possibilidade de serem alimentos “calorias negativas” são as folhas e os caules e raízes que não armazenam amido e nem açúcares. Em seguida, seriam as frutas menos doces, pois estas contêm menor quantidade de açúcar, e também as pouco ácidas, como por exemplo o morango. O limão, que é uma das frutas mais ácidas, possui em torno de 6% de ácido cítrico. Para entendermos melhor porque isso acontece, vamos analisar a estrutura da folha de alface mostrada na Figura 3 e a composição dos alimentos apresentados na Tabela 1.



Pode-se observar que em 100 gramas de alface há 95 gramas de água, 0,8 gramas de cinzas (minerais totais), 1,7 gramas de proteína, 0,1 grama de lipídio e 2,4 gramas de carboidratos. Esta distribuição é dita composição centesimal, porque sua soma deve dar 100 ou bem próximo (devido a alguns pequenos erros analíticos). Além destes componentes, a alface possui 2,3 gramas de fibras. Como as fibras estão incluídas no grupo dos carboidratos, da quantidade total de carboidratos da alface, apenas 0,1 gramas é carboidrato digerível. Sendo assim, 100 gramas  de alface fornecem apenas 8,1 Kcal (6,8 Kcal proveniente de proteínas, 0,9 Kcal proveniente de lipídios e 0,4 Kcal proveniente de carboidrato digerível).  Certamente, para comer 100 gramas de alface o organismo gasta mais que 8,1 Kcal.

O gasto energético para a digestão dos alimentos não é bem conhecido, mas situa-se entre 150 a 250 Kcal, variando de uma pessoa para outra e também de acordo com o tipo de alimento ingerido. O processo de digestão dos alimentos começa com a mastigação. Após a mastigação, os alimentos são engolidos e vão para o estomago, onde há necessidade de secreções gástricas e contração para formar um bolo alimentar. Daí seguem para o intestino, onde recebem secreções formadas no pâncreas, no fígado e no próprio intestino. Para percorrer o intestino há necessidade de contrações, os movimentos peristálticos. Ao atravessar o intestino, algumas substancias são absorvidas, mas as fibras não. Estas seguem até o intestino grosso onde podem servir como alimento para os microrganismos que ali habitam ou formar as fezes.

Se apenas conversando, uma pessoa gasta em média 1,8 Kcal por minuto, para mastigar um alimento e fazer com que seus resíduos atravessem todo o intestino até serem excretados como fezes, o gasto energético é bem maior.

Algumas bebidas, como por exemplo aquelas sem açúcar ou adoçadas com adoçantes, também podem ser incluídas no grupo de “caloria negativa”, entretanto, são menos potentes que os alimentos pois não requerem o processo de mastigação e estimulam com menor intensidade os eventos digestivos.

Observe na Tabela 1 que o valor energético dos vegetais ali listados é diretamente proporcional ao teor de carboidrato digerível que eles possuem. Observe também que a água é o constituinte majoritários destes vegetais. Dados sobre teores de ácidos não são bem conhecidos. Entretanto, estas frutas muito ácidas são geralmente consumidas em quantidade muito pequena, diluídas em água ou como tempero.



A ingestão adequada de fibra é essencial para uma boa saúde. A quantidade recomendada varia conforme o sexo e a idade. Em indivíduos adultos, deve ser de 25 gramas para mulheres e 38 gramas para homens entre 19 e 50 anos. Para maiores de 50 anos, a quantidade pode ser menor, 30 e 21 gramas, respectivamente, sem distinção entre os tipos de fibra.  A ingestão excessiva de fibras também é prejudicial. Algumas fibras solúveis podem causar gases e afetar negativamente a absorção de determinados nutrientes, principalmente minerais.

Bibliografia

1. Brasil, Portal da Educação. Artigos Técnicos e Científicos: PARTES DA PLANTA. Publicado em 26 de setembro de 2008. Disponível em https://www.portaleducacao.com.br/biologia/artigos/6335/partes-da-planta
2. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução RDC Nº 360, de 23 de dezembro de 2003. Rotulagem nutricional de alimentos embalados. Diário Oficial da União, Brasília, 26 de dezembro de 2003.
3. Dossiê: Fibras Alimentares. Food Ingredients Brasil, nº3, 2008, pág 43 a 48. Acessado em  http://www.revista-fi.com/materias/63.pdf.
4. Krans, J E, Pisaneschi J. Departamento de Botânica USP. ATLASVEG –Atlas Vegetal USP, Hemicelulose, Celulose e Lignina. Disponível em http://www.jupisa.net/atlasveg/
5. Pereira PR. Alimentos que Emagrecem (“calorias negativas). Disponível em http://clinicadue2.blogspot.com.br/2010/09/alimentos-que-emagrecem-calorias.html
6. SHILS, M. E.; SHIKE, M. ROSS, A. C.; CABALLERO, B.; COUSINS, R.J.. Tratado de Nutrição Moderna na Saúde e na Doença, São Paulo: Manole, 10ª edição, 2009, 2023p.
7. UNICAMP. Tabela brasileira de composição de alimentos. 4ª ed. Campinas, 2011. 161p Disponível em https://www.unicamp.br/nepa/taco/contar/taco_4_edicao_ampliada_e_revisada

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Coluna Nutrição - Anemias






Anemias


Sâmela Oliveira Barbora, Carolina de Mello Schelck, 
Karla Silva Ferreira e Luiz Fernando Miranda da Silva


A hemácias ou glóbulos vermelhos são células especializadas em transportar oxigênio e gás carbônico no sangue. Elas possuem um complexo de proteína (hemoglobina) e ferro que é responsável pelo transporte de gases no sangue. O oxigênio presente no ar que respiramos liga-se ao átomo de ferro da hemoglobina, no pulmão, e é transportado para o resto do corpo. No retorno para o pulmão, as hemácias trazem o gás carbônico (CO2).  Quando as hemácias são destruídas no corpo em velocidade maior do que sua produção, quando estão em baixa quantidade no sangue, quando estão em tamanho e forma anormal ou ainda possuem baixa quantidade de hemoglobina, é gerada a anemia. Existem diversos tipos e causas de anemia:

1- Anemia ferropriva (deficiência de ferro)
2- Anemia megaloblástica (deficiência das vitaminas ácido fólico e, ou B12)
3- Anemia por desnutrição (ingestão insuficiente de proteína e outros nutrientes energéticos).
4- Anemia por deficiência de cobre
5- Anemia sideroblástica (defeito na síntese do grupamento Heme que forma a hemoglobina ou no metabolismo do ferro. Em alguns casos pode ser tratada com vitamina B6)
6- Anemia hemolítica (destruição da hemácias maior do que sua formação. Pode ser tratada com vitamina E)
7- Anemia por distúrbio de metabolismo de ferro (inflamação crônica)
8- Anemia do esporte (provisória e  se dá pela destruição das hemácias por compressão nos capilares sanguíneos causada pelo impacto mecânico do exercício)
9- Anemia hereditária (sideroblástica ou problema na síntese de hemoglobina: talassemia e anemia falciforme)
10- Anemia por perda de sangue (menstruação, verminose, úlceras, doenças intestinais e outras causas de perda de sangue ou hemorragias)
11- Anemia aplástica (falha da medula óssea em produzir hemácias)
12- Anemia da insuficiência renal (baixa produção de eritropoitina – hormônio que aumenta a produção de hemácias)
13- Anemia do hipotireoidismo (baixa produção de hemácia)

Dentre estas, a anemia ferropriva é a mais comum, acometendo até 10% da população mundial. A deficiência de ferro compromete a produção de hemoglobina, e assim o transporte de oxigênio do corpo.  Este oxigênio é essencial para a produção de energia. Por este motivo, na deficiência de ferro a pessoa fica cansada facilmente, o que diminui sua capacidade de trabalho, fazendo a pessoa parecer preguiçosa e sonolenta. Outros sintomas da anemia em geral são: dores nas pernas, imunidade baixa, mucosa interna das pálpebras inferiores com coloração rosa-clara ao invés de vermelha, palidez da pele e palma das mãos, queda de cabelo, irritabilidade, taquicardia, dor de cabeça, unhas finas, achatadas e, ou com depressões em concha. Se não tratada, a anemia provoca defeitos nos tecidos do corpo, gastrite e insuficiência cardíaca. Em crianças a deficiência de ferro pode comprometer a capacidade mental de forma irreversível. Isso mesmo – a criança pode se tornar um adulto com QI (Coeficiente de Inteligência) abaixo do normal.

As anemias por deficiências podem ser causadas por baixa ingestão do nutriente pelos alimentos, baixa absorção no corpo e, ou elevada excreção.

A primeira etapa para o tratamento da anemia causada por deficiência de ferro é identificar o motivo desta deficiência: se é por alimentação pobre em ferro, verminose ou perda de sangue. Após corrigir a causa base, a segunda etapa fundamental é a alimentação e a suplementação.

Na Figura 1 observa-se o formato e tamanho das hemácias em diferentes tipos de anemia.



A alimentação deve conter boas fontes de ferro e de outros nutrientes relacionados com o metabolismo do ferro e formação das células do sangue. Muitas vitaminas, minerais e algumas proteínas participam da absorção, transporte e utilização do ferro pelo organismo, por exemplo a vitamina C, o cobre e proteínas. Por isso a alimentação deve conter todos os grupos de alimentos, tais como pães, carnes, hortaliças, vegetais e frutas. Ela pode ser uma alimentação simples, mas deve fornecer todos os nutrientes necessários para o correto funcionamento do corpo e formação do sangue: carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais.

O ferro está presente tanto em alimentos de origem vegetal quanto animal. Entretanto, o ferro encontrado nas carnes é melhor absorvido. Portanto, as melhores fontes de ferro, em termos de alimento, são as carnes. Quanto mais vermelha a carne maior o teor de ferro. Por este motivo, quando a carne é usada no tratamento da anemia, a ingestão de carnes vermelhas é melhor do que a ingestão de carnes brancas e o fígado é realmente a carne com teor mais elevado de ferro.

A quantidade de ferro presente nos vegetais é bem variável. Pode ser elevado em algumas sementes e farinhas mas é sempre baixo nas frutas e hortaliças. De qualquer forma, a absorção do ferro presente nos vegetais é muito baixa. Para garantir melhor absorção do ferro de origem vegetal ele deve ser ingerido junto com vitamina C. Os sucos, frutas e algumas hortaliças cruas são as melhores fontes de vitamina C. É importante ter em mente que a vitamina C pode ser até totalmente destruída com o calor. Portanto, alimentos cozidos, fritos, assados e refogados ou não tem vitamina C ou as quantidades são menores que quando crus.

Um dos maiores mitos sobre alimentos para curar anemia é a recomendação de ingestão de beterraba, couve, espinafre e brócolis. Estes alimentos não são fontes de ferro por vários motivos.  Além de não terem elevados teores de ferro (0,4 à 0,6 mg/100 g), este é de baixa biodisponibilidade e, no caso das folhosas, o tamanho da porção é pequeno, em torno de 30 gramas.

O cálcio é um dos maiores inibidores da absorção de ferro. Por este motivo não é aconselhável no tratamento da anemia a ingestão de leite, queijo, requeijão e suplementos contendo cálcio nas refeições ricas em ferro. Estes alimentos devem ser ingeridos no café da manhã e lanche, reservando o almoço e jantar para os alimentos fontes de ferro e suplementos.

Na Tabela 1 são apresentados os teores de ferro em alguns tipos de carnes, produtos industrializados e alimentos de origem vegetal e na Tabela 2 alimentos ricos em vitamina C. Segundo a Anvisa, os alimentos, para serem denominados fonte de ferro e vitamina C, devem possuir teor destes nutrientes equivalente a, pelo menos, 15% da Ingestão Diária Recomendada (IDR) dos mesmos. Para serem classificados como contendo alto teor, devem possui pelo menos o equivalente a 30% da IDR em 100 gramas do alimento ou na porção. Exemplo: tendo em vista que a IDR de vitamina C é 45 mg, para um alimento ser considerado fonte deve possuir pelo menos 6,75 mg (15%) de vitamina C em 100g do alimento. E para ser considerado de alto conteúdo, deve possuir 13,5 mg (30%) de vitamina C. A IDR de ferro é de 14 mg9.








A quantidade de ferro que precisamos ingerir varia de acordo com a idade e o estado fisiológico, conforme mostrado na Tabela 3.






Bibliografia:
1. Anemia Falciforme. Disponível em http://www.cerezende.com/ anemia-falciforme/. Data de acesso: 29/12/2016
2. Anemia perniciosa. Disponível em: http://www.fisioterapiaparatodos.com/p/problemas-de-circulacao/anemia-perniciosa/. Data de acesso: 29/12/2016
3. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução-RDC Nº 269, de 22 de setembro de 2005. Recomendações nutricionais. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de setembro de 2005.
4. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução RDC Nº 54, de 12 de novembro de 2012. Informação nutricional complementar. Diário Oficial da União, Brasília, 13 de novembro de 2012.
5. Goldman L, Schafer AI. Goldman Cecil Medicina Interna. 24a edição. Elsevier, Rio de Janeiro. 2v.
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7. Shils ME, Shike M, Ross AC, Caballero B, Cousis RJ. Nutrição Moderna na Saúde e na Doença. 10a edição. Manole, São Paulo, 2002. 2222p
8. UNICAMP. TACO - Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. 4ªEdição. Campinas, São Paulo, 2011.